Lembra que eu falei que Street Fighter III finalmente teria uma trilogia por aqui ? EU MENTI !
Não há como falar de Street Fighter III: New Generation sem falar dele. Sim, Sheng - Long. O chefe secreto de SF III. Ah, as revistas realmente tornam os jogos de videogame muito melhores.
Saiu até na revista Ação Games.
Era a EGM aprontando novamente.
NOVA AMEAÇA
NÃO VAI FALAR DO GILL ?
Ao terminar de escrever toda a segunda parte dessa minissérie, fiquei na dúvida: falar ou não falar sobre Gill ? Senti que seria realmente uma "gordurinha" colocar Gill só por colocar. Sim, é mais ou menos como o diretor Sam Raimi pensou ao colocar Venom em Homem-Aranha 3 (embora eu tenha gostado muito disso).
Gill foi originalmente pensado para ser comentado - em último momento - na parte 2 dessa série, eu planejei que esse especial seria diferente: equilibrar informação com análise - pois SF III se trata de um jogo complexo de entender e de agradar. Personagens esquisitões mas que na prática são muito divertidos de jogar ou de encarar. E este é o caso de Gill - o verdadeiro chefão final deste jogo.
Diferente do imponente Bison, Gill parece um super-herói saído de um crossover Marvel v.s. Street Fighter. Tem superpoderes estrondosos - desde lançar ataques de fogo e gelo (dependendo da sua direção) a lançar estalactites em chamas do céu. O seu cenário muito se caracteriza o "julgamento final" de tudo ao redor. Tudo na mais alta mármore de chamas - a profecia se cumprindo: o mundo acaba em fogo.
Gill - assim como Bison foi no primeiro SF II - é osso duro de roer e não é selecionável. A melhor forma de encará-lo é com ataques pelo ar: comece com voadoras (num atraso de tempo) em posição segura.
O pior de tudo: o infeliz ressuscita. Além de ser um tremendo ladrão. Ah, e ainda piora. Sua IA em 3rd Strike é tremendamente insana - fora o amém (roubado de Orochi da série The King of Fighters). Sim, Gill prova que a série Street Fighter chegou num momento que não mais ensina e sim passou a aprender com os seus concorrentes.
Como líder dos Iluminati, Gill representa uma organização ficcional no universo Street Fighter. No mundo real, conspiracionistas associam o nome a uma seita que controla a Nova Ordem Mundial.
Somente nas entrelinhas em Super Street Fighter II é que passávamos a perceber que Bison não é realmente humano: a começar pelos olhos completamente brancos e energias sobrenaturais saindo dele nas telas de derrota; e em seu final, como o verdadeiro conquistador, assumindo a sua verdadeira e assustadora forma monstruosa, deixando isso tudo ainda mais evidente. Diferente do ditador da Shadaloo, Gill (desde o começo) se mostra abertamente uma inspiração bíblica ou uma espécie de Deus entre os homens.
Bison pode ser comparado a diversos ditadores ao longo da história do mundo (ou na visão de seus interpretes no cinema) e o nome de sua organização criminosa ser ficcional. Já o liderado por Gill, esse nome pode ser espelhado ao de uma histórica organização secreta a qual se inspira. Tão misterioso quanto o videogame, estudiosos especializados sobre Illuminati consideram não saber o que é real e o que é mentira, de fato. Considerando essa fascinante e confusa visão sobre conspirações, os produtores de SF III encontraram a ideia e colocaram uma ameaça real para bater de frente com a ficcional e icônica Shadaloo de Bison - derrotado em SF II. Tornando-o, legitimamente, um jogo com trama de fundo mais fincada nos acontecimentos do mundo moderno. Levando essa questão, na teoria, o jogo tem um cenário de história mais crível embora com muito pouco material que adapta e explora seus personagens.
Num balanço geral, Gill parece menos misterioso e menos ameaçador que Bison justamente pela constante participação e interação na história com outros personagens principais ao redor da trilogia SF III: vai desde detalhes de sua origem a um certo desfecho na história. Fora a aparição em um final extra em SF III: 2nd Impact o qual o derrotado ressurge mais forte - já introduzindo para o game seguinte: 3rd Strike.
O final de Gill (3rd Strike) e a passagem bíblica de Moisés
E em 3rd Strike, influencias bíblicas ficam ainda mais evidente com o seu final: se apresenta como se fosse o Messias levando seu povo à terra prometida (Os 10 Mandamentos de Moisés). Se for pensar, há até mesmo um pouco de humor nesse desfecho. Gill mais parece uma paródia aos eventos que envolvem organização de domínio dos Illuminati e falsos Messias.
Num geral, Street Fighter tem seus toques de humor em determinadas caracterizações - ainda que contidas (quem aí não se lembra dos olhos do Blanka quase saindo pra fora ao levar uma surra nas regiões baixas ?).
Ao que parece, as intenções de Gill parecem diferentes e até mais nobres aos de Bison. O líder da Shadaloo era envolvido até mesmo por assassinatos e, no fim, tem o controle do mundo e transforma todos os lutadores em seu exército de destruição. No caso de Gill, ainda que pareça ter um histórico de violência, o mesmo se mostra o "salvador" convertendo os demais aos seus ensinamentos.
Sendo mais um líder de organização como chefe final, a história de Gill também reconta elementos históricos num conto moderno dentro de uma construção social da humanidade. Essas características ficam bem mais claras pela participação maior do personagem - tanto na familiarização visual quanto no cenário que dá alusão à queda do império romano: uma Roma em chamas (genial) em um cenário o qual os Street Fighters são os gladiadores da vez. Historicamente, SF III tenta ser uma releitura das épicas batalhas de coliseu aos olhos de Gill.
A profecia de Gill:
Quando o sol se pôr na montanha Soliton,
a lua negra vai quebrar em sete pedaços,
e cair sobre o povo de "Ultania".
Nada poderá evitar isso...
A morte e a destruição vão violentar a terra.
Miséria e sofrimento atacarão o povo...
Então, depois de 130 dias de inexistência,
um menino que controla os elementos nascerá para
salvar as pessoas...
- do "Livro de Muraha 3.11".
-- O final de Gill no game conta a sua origem --
A presença do iluminado faz toda a história das lutas em Street Fighter remeter à época histórica dos gladiadores numa política do pão e circo em pleno anos 1990.
STREET FIGHTER III: 
Sistema: Arcade, CPS III
País: Japão
