segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

[Perdido.doc] Halloween: A Noite do Terror (1978)


Nascidos nos anos 80 e cria dos anos 90, para quem conheceu uma sensual (trintona e madura) Jamie Lee Curtis em True Lies e acompanhou a cinessérie Pânico, ficará bem surpreso com esse começo primoroso dos grandes filmes de terror da nova Hollywood. 

Jamie, curiosamente, é filha de Janet Leigh e cruza o destino da mãe (marcada pelo clássico pioneiro de terror, Psicose de Alfred Hitchcock). Na pele de Laurie, abre o pioneirismo entre as mocinhas do terror geração 70 - a final girl - como uma tímida e frágil babá atormentada pelo assassino - que parece punir os promíscuos - enquanto a pureza e inocência de Laurie a leva a cometer determinados equívocos, pecando contra o próprio corpo, quando se é levada pelos erros de seus amigos. O assassino é impiedoso, mas ficamos na dúvida se ele seria capaz de punir as crianças, por exemplo. Para evitar o assassino, Laurie tem de se proteger diante dos recursos que encontrar pela frente - e vacilando em outros, consequente de suas fraquezas humanas (o medo e o desespero). Muito diferente da garota Rambo em True Lies (afinal, noventistas, não é um filme de ação).

A nictofobia é encarada aqui como parte do terror psicológico, a começar pela impecável introdução em que apresenta um dos maiores vilões do cinema, Michael Myers - interpretado por dois atores: Tony Moran e Will Sadin. E então, o silêncio e andar da câmera caminha com o espectador durante toda a jornada - causando o imprevisível. Exemplar direção de John Carpenter (icônico por alguns dos maiores títulos de ação e terror dos anos 80 e começo dos 90) lançado ao estrelato dentre os grandes cineastas da história do cinema com um dos mais rentáveis filmes independentes de todos os tempos. Simples e direto, Halloween cumpre o seu dever que é entreter e marcar toda uma geração do gênero com sustos que ecoarão pela eternidade.

John Carpenter, gênio do terror e da fantasia, rejeita o título "Mestre do Terror", ele se autointitula apenas um cineasta que contou boas histórias. Mas não podemos negar que ele é um gênio. Além de diretor, Carpenter também é compositor da trilha sonora que vale o nosso PUNHO DOURADO.

Para a audiência tradicional de filmes modernos que acredita que a trilha sonora atrapalha a experiência do suspense (ou do terror) tornando-a previsível, esse é o cinema clássico que responde de forma definitiva: a trilha faz parte, se utilizado da forma certa. Com a experiência de direção e composição sonora, Carpenter soube muito bem casar do útil ao agradável. 


MOMENTO.doc

Ao lado de alguns títulos de ficção-científica, o gênero terror é um dos mais rentáveis do cinema e é alvo fácil para inúmeras sequências a fim de arrecadar mais caixa usando a marca de um título famoso com aquele número a mais na frente (a lei do comércio do entretenimento: o show precisa continuar). Mas, pelo que parece, John teria recusado todas as ofertas porque acredita que já tenha contado a história que queria. E ele está certíssimo. Independente das circunstâncias - o cinema carece de companhia e se, nesses melhores anos do cinema, tem mais pipoca, tem mais casais felizes, não é mesmo? Esses filmes foram feitos para uma audiência de ouro que não quis ficar órfã de diversão e viveu os melhores anos. Afinal, se fosse no seu streaming, você estaria pedindo o mesmo pela sua série favorita (ou, talvez, um pouco mais do seu videogame favorito). Portanto, quando um filme de sucesso tem continuação demais, não reclame - para tudo, há um propósito. 

MEMORIA.doc

Meus pais assistiram Halloween no cinema e ter esse registro guardado com muito carinho é sentir que eu também participei dessa história com eles, é de encher o coração de muito orgulho. Afinal de contas, é para isso que eu preservo a história da cultura pop.


Listas de alguns títulos de John Carpenter

—  Gorgo versus Godzilla (1969)
Realizou alguns curtas de ficção cientifica, entre eles, versões americanas do icônico personagem dos tokusatsu japoneses.

— The Resurrection of Broncho Billy (1970)
Ainda como estudante, filme o qual foi compositor, faturou o Oscar 70 de Melhor Curta Metragem.

— Assalto a 13º DP (1976)
O diretor John Carpenter explora o suspense no universo policial, antecede o seu grande sucesso no terror. 

— Christine, O Carro Assassino
Filme favorito do Intercine em 96

— Fuga de Nova Iorque (1981)
Um dos seus icônicos filmes de ação e ficção ganhou uma sequência em 96.

— Starman: O Homem das Estrelas (1984) 
Dos primeiros dias que sintonizei em uma programação do SBT, esse filme estava sendo exibido.
Esse hit da infância marca o primeiro filme que me emocionou de verdade.

— À Beira da Loucura (1994)
John Carpenter voltava para marcar com o terror psicológico nos anos 90 em um de seus pouco
assistidos. É genial e merece melhor prestigio. 

— Vampiros de John Carpenter (1998)
Carpenter já estabeleceu o seu sucesso e agora o título do filme já leva o seu nome: falando de vampiros nos anos 90, após o bem-sucedido retorno de monstros clássicos com Drácula de Bram Stoker e Entrevista com o Vampiro. Acompanhando o movimento, outro monstro clássico também retornava: Frankenstein de Mary Shelley.

— Fantasmas de Marte (2001)
Carpenter no século XXI, apresentando o seu caótico mundo de ficção-científica. Produção da Screen Gems, a mesma que viria cuidar futuramente da cinessérie Resident Evil


DISPONÍVEL NO PRIME VÍDEO


SESSÃO CRÍTICA

HALLOWEEN: A NOITE DO TERROR

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