sexta-feira, 21 de julho de 2023

[Sessão Crítica] Barbieheimer (Barbie x Oppenheimer): impressões direto da estreia


Barbie - Um filme fenomenal. Grande surpresa de 2023. O misto de comédia e aventura traz uma caracterização muito esperta ao transcender de forma muito autêntica e atual o universo das bonecas. Barbie é um ícone influente na cultura pop. Esse lançamento remete o símbolo do rosa de volta em uma época em que o sentimento da infância vem se tornando tão antiquado e cada vez mais tomado por conta das preferências dos adultos.  Ao citar uma passagem da humanidade, a ligação entre imaginação e realidade são rompidas. Fala-se muito sobre nós e não apenas sobre o tão importante empoeiramento - que é praticamente o cenário do filme. 

É um longa importante e corajoso sendo ela uma adaptação de uma marca comercial tão famosa ao longo dos anos. Ser um filme de Barbie é só um detalhe. A legião de menininhas, garotas e mulheres de todas as idades fazendo fila e lotando as salas foi verdadeiramente espantosa e uma febre como há muito tempo não se via no cinema. Praticamente nunca se viu um movimento tão grande promovido por um filme evento desde Vingadores: Ultimato ou, talvez, desde Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa. 

Eu simplesmente me senti pequeno na sala diante daquele movimento rosa. Muito emocionante. E o filme não trai seu público assim como também não trai a promessa da propaganda de ser um longa digno de Oscar. Vale a pena conferir, mesmo que você não seja um íntimo conhecedor desse universo. Pode ser para elas mas pode ser pra todo mundo. 


Openheimer - longa de Cristopher Nolan que rompe barreiras nunca antes vistas na cinematografia do diretor. É um extenso longa de drama político que parecia estar extinto no cinema. Com um elenco estelar de grandes nomes da atualidade faz com que o espectador se sinta mais familiarizado na história e envolvido com grandes atuações. 


QUAL É O MELHOR FILME: 

Barbie ou Oppenheimer ?

Antes de suas estreias e antes de todos assistirem, essa pergunta era muito difícil de ser respondida - desde que você seja um bom cinéfilo que opta por avaliar todas as qualidades de um filme e não apenas o gênero ou o estilo dele. 

Após assistir aos dois filmes no mesmo dia, a questão fica ainda difícil sobre qual deles é o mais importante. Isso vai muito do ponto de vista. Barbie, da diretora Greta Gerwig,  tem a temática expressivamente feminista. A mensagem se perde entre discursos e debates intermináveis entre homens e mulheres nas redes sociais, o que acaba tornando tudo tão complexo e confuso, e o filme dilui tudo isso para soluções e expressões muito simples que explicam na hora para qual caminho esses personagens estão indo e para qual caminho eles irão chegar. É só o que dá pra descrever sem explicar muito e perder a mensagem que deve ser experimentada de forma pessoal pelas mentes inteligentes (isso é: sem se limitar a preconceitos). Entender o que é passado só vai tornar o mundo ao menos melhor, muito melhor.

Ou seja, por ser um longa simples de entender com mensagens tão importantes, Barbie é um filme surpreendentemente esperto falando de crítica social sem levantar bandeira para apenas um lado. Além de entreter o tempo todo de forma muito ágil. Linguagem simples que, de alguma maneira, acaba sendo um pouquinho avançado demais para crianças pequenas em alguns momentos mas ao mesmo tempo socialmente educativo a maior parte do tempo. 


Oppenheimer é uma cinebiografia. A primeira cinebiografia da carreira de Christopher Nolan, um diretor conhecido por arrebatar grandes sucessos na Warner Bros. desde o início de sua carreira e grande revelação. Nolan é conhecido por contar com longas de abordagem profunda, detalhada ou até mesmo realista nos mais profundos detalhes. 

O curioso aqui é que Nolan tem um currículo de excelentes avaliações de público e crítica em todos os seus filmes. É um dos cineastas mais importantes do Século XXI, fazendo marco na história do cinema com ótimos suspenses policiais e se destacando também com filmes de ação e guerra. Sua complexa abordagem é única. Entre quebrar vários paradigmas do diretor, Oppenheimer é o seu longa de maior duração da carreira. Com 185 minutos de duração, uma imersão grandiosa em volta de um épico sobre a trajetória do pai da bomba atômica e o drama dos cientistas.  Na breve e rara distração de um longa na carreira do cineasta, ocorrem cenas quentes e inéditas de nudez que são inadequadas para menores de 16 anos. Ou seja, seria Nolan ensaiando para dirigir um futuro filme da cinessérie 007 ? Enfim, esperamos.

Sendo um trabalho extensivo, Oppenheimer não é o longa indicado para a audiência pipoca. Filme do Nolan é estar atento aos mínimos detalhes. Drama político é um gênero que parecia extinto mas este aqui, de alguma forma, também impulsionado por uma campanha de um filme rival, parece ter uma interessante história dos bastidores ainda tão impressionante quanto a esses comparativos que vale a pena citar.

Após a fatídica fase da pandemia e o lançamento estreito de Tenet nos cinemas, indo direto para as plataformas digitais, isso descontentou Nolan que optou por romper com a Warner - sendo ele um profundo defensor de seus longas nos cinemas (além de também existir outros acordos que podem beneficiar melhor esses profissionais, tanto atores como diretores de cinema - como a porcentagem do lucro das bilheterias). 

Fazendo as suas malas e partindo para a Universal, que é uma das poucas distribuidoras e produtoras que investe no cinema à moda antiga, Nolan compete com a sua antiga parceira, a Warner, num coincidente viral muito criativo entre dois filmes com pesos diferentes mas com igual qualidade. 

Oppenheimer investia numa viral de uma contagem regressiva enquanto Barbie investia num viral que movimentava o senso de humor da cultura pop.

Sério e lento, Oppenheimer também traz uma mensagem importante sobre o futuro da humanidade, e o nome disso é a guerra política e a guerra que pode chegar no fim do mundo. 

SOBRE A FAIXA ETÁRIA

Barbie é classificação 12 anos e Oppenheimer é classificação 16 anos. Barbie tem algumas referências
que podem não ser adequado para crianças muito pequenas (e a classificação já descreve: não é tipo um Barbie e o Principe Quebra-Nozes, um tipo de história ao estilo Disney, por exemplo). [possíveis spoilers] Ou seja: "Seios", "Volume liso" ou "Ginecologista" [/possíveis spoilers] temas para o público adolescente [possíveis spoilers] e "crise existencial"  [/possíveis spoilers] tema para um público adulto. Oppenheimer: tema político e cenas de nudez. 


Barbie x Oppenheimer
A maior coincidência dessa narrativa (de que maneira eles se misturam) ?

Quando se fala ao coração, um fala de existencialismo e outro sobre questões morais. De uma maneira mais bem humorada (ainda que assustadora), Barbie também fala de um certo fim mas Oppenheimer trabalha nesse discurso em um caminho mais político. 

Para audiências mais específicas: 
Se você curte diversão (com alguma inteligência), prefira Barbie.
Se você é historiador e busca mais conhecimento, prefira Oppenheimer. 

Se você curte cinema e quer apoiar a iniciativa de excelentes experiências cinematográficas distintas, vá sem medo de ser feliz. A verdade é que, num geral, são dois excelentes longas. 


MEMÓRIAS DA SESSÃO

Enfim. Não tá fácil. Eu estou quase desistindo de ir ao cinema. E esse dia está quase chegando, o pote tá quase no limite. E vou contar o motivo aqui.

Barbie

Quando o filme estava se aproximando de seu fim, uma menininha na poltrona de trás saiu gritando descaradamente. O que é um ponto baixo para o Via Brasil: mentes inquietas no sofá que não pode sossegar 1 segundo sem perturbar quem realmente pagou pra assistir ao filme e não está lá só como se estivesse numa balada ou num parque de diversões (apesar que cinema é a maior diversão e é um parque mas que deve ter o silêncio e o respeito ao próximo e respeito se deve ter em todo lugar).

O momento mais importante e interessante aqui do memórias da sessão de Barbie é a própria Barbie. 
Uma cosplayer de Barbie esteve tirando fotos com a audiência por algum tempo após a primeira sessão dentro da caixa de divulgação do filme (um cartaz temático). Foi um momento realmente legal de acompanhar.

Oppenheimer 

Um casal ao lado não parava de ligar celular no escuro um segundo, além de ficarem encarando pro lado também. Ou seja, o que esse povo faz no cinema eu não sei mas só sei que filmes assim em cinema de shopping é um tremendo problema - apesar que depende muito do shopping e talvez da sessão. Sendo um filme dublado é pior porque atrai gente acostumada a assistir Netflix (adora pausar filme pra fazer aquela rolagem infinita na rede social) e que deveria estar em casa (já que não está ali pra assistir filme e não deixar ninguém assistir também). 

A outra curiosidade é que esse mesmo casal perturbado saiu no meio do filme e eu já estava dando GRAÇAS A DEUS quando o mesmo casal volta depois com o mesmo comportamento. Eu já estava expressando raiva e esfregando a mão na cara de tanto ódio. Quando o casal saiu, só olhei com aquele olhar atravessado para aqueles moleques. P.S. Tem situações deletadas nesse momento tão impertinente que foi eu pegar a minha bolsa e bater na maçaneta da cadeira mostrando que eu estou praticamente bloqueando a luz do celular dos dois - que olharam pro lado.  Porém, isso não vai ficar assim da próxima vez (e se é que vai ter porque já tô quase desistindo de cinema por conta disso).


Barbieheimer: Outra coisa interessante é que foi possível notar o "Barbieheimer" só pelas roupas cor rosa das meninas que saiam da sessão de Barbie para Oppenheimer ou vice-versa. O azar é de uma família inteira (de rosa) saindo no meio da sessão de Oppenheimer para a sessão de Barbie (como o filme de Nolan é mais de três horas de duração). Será que ninguém avisou a essa família ou essa família é porraloca doida de pedra mesmo ?


Eu só sei de uma coisa, tem sido cada vez pior a experiência nos cinemas desde a pandemia com essa história de celular ligado dentro da sessão (já não bastava os pés na cadeira nos cinemas UCI do Parkshopping e agora celular nas redes Cinesystem do Shopping Via Brasil). Aonde é que vamos parar ? E o pior que todo mundo encara esses problemas como algo normal porque, agora, simplesmente, faz igual e eu achando que era só em salas vazias. Só que não, essa doença de mal comportamento dentro do cinema afeta demais a qualidade em vários cinemas de shopping. Cada público com uma sequela diferente. Enquanto isso, os cinemas de rua, com o público raiz, realmente fanáticos por cinema, vão sendo extintas. É o cinema encaminhando para o seu fim graças ao seu próprio novo público chamada geração Z e seu bando de entusiastas.



SESSÃO CRÍTICA

BARBIE


OPPENHEIMER

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