sábado, 19 de setembro de 2015

[História dos Videogames] Por que Eu Curto...Karin Kanzuki ?


Pra começo de conversa, esse post era pra ter sido realizado em 2011, como parte integrante dentre os especiais de intervalo da nossa épica série Street Fighter II: 20 anos. Mas eu acredito que este seja o
momento mais apropriado para dizer o motivo pelo qual essa lutadora é tão importante para a franquia
Street Fighter. Podem me chamar de "Karinzete" com prazer, porque aqui vai rolar muito "Karinês" pra vocês.


POR QUE KARIN É A COR DO AMOR 

Desde o primeiro momento em que a vi na revista Gamers, senti uma apreciação incontestável que eu nunca senti por nenhuma outra lutadora de um jogo de luta até aquele momento. Talvez por ter em meu histórico real, paixões por patricinhas - aquela adolescente loira de saia vermelha me chamou a atenção. Mas a Karin tem um certo diferencial, ao menos, em seu universo.

A Sakura pode ter sido uma empreitada acertada, sendo a primeira saída de um mangá adaptado para o jogo de origem, mas era mais uma heroína - por assim dizer - que usava bolas de fogo e chutes giratórios. Carismática sim, de fato, mas, visualmente falando, é quase uma "dublê de saias" do Ryu em comparação a Karin.

Muito longe de ser um "Ken de saias", Karin vai além. Existem poucas antagonistas em jogos de luta, Karin é a que melhor se destaca nessa categoria em Street Fighter.  Ainda que existam Juli, Juni ou até mesmo Decapre, é visível que todas essas - em termos de história e personalidade - sejam lineares. Simplesmente não passam de meras "clones (com leves modificações)" visuais da icônica Cammy, além de ter uma história completamente dependente dela. Quem mais ou menos escapa desse rótulo é Juri, que não escapa da sua relação com Bison. Karin foge - bem longe - de tudo isso.


POR QUE KARIN ME TROUXE À NOVA GERAÇÃO
Olha a Karin ali, do lado da Cammy, na capa !

O mais interessante é que o meu amigo Leandro jogou o Street Fighter Zero 3 em uma loja de fliperamas localizada em Olaria  (que eu já havia visitado em 1996, graças a dica do meu amigo Rafael Soares). A casa de fliperamas tinha também o apoio das principais representes Brasileiras (Neo Geo do Brasil e a Romstar do Brasil, da Capcom), então ela sempre estava entupida com os mais variados lançamentos. Mas lá, em 1999, a casa estava diferente - ainda que bem recheada, mas Street Fighter Zero 3 ficou por um curto espaço de tempo, sem motivo aparente, enquanto Street Fighter Zero 2 - o jogo da sua rival Sakura - circulava com um grande número de distribuição desde o seu lançamento.  

O Playstation já me seduzia com os vários títulos, dos mais variados gêneros (Final Fantasy VIII, Metal Gear Solid e os jogos da série The King of Fighters estavam entre eles). Quando Street Fighter Zero 3 enfim chegou ao Playstation, aquele desejo virou uma necessidade obrigatória. Porém, com o Brasil em crise, tentei de alguma forma entrar para a era das mídias em CD e então pedi um Sega CD (que era o menos caro até aquele momento e já estava prestes a entrar em extinção das lojas) no fim dos anos 90.

A obrigatoriedade foi tanta que eu acabei comprando uma cópia do CD em uma locadora - a cópia era "alternativa", assim como tantos outros títulos do Playstation que pipocavam nos camelôs e ajudaram a popularidade do Playstation no Brasil. A capa era uma cópia impressa, em preto e branca, da japonesa (a versão americana, aparentemente, não havia sido distribuída ainda pra cá) - bem no comecinho das cópias das mídias originais (e eu comecei a jogar Playstation no período de lançamento, com aquela versão exclusiva de Street Fighter: The Movie para consoles 32 bits).

Daí, surgiu o Dreamcast, o console que prometia agitar tecnologicamente as estruturas do mercado de games lá em 1998. Como um apreciador da SEGA desde os 16 bits, fiquei antenado com os seus lançamentos e o melhor de tudo - um console atual com a minha marca favorita anunciava, em 1999, um lançamento exclusivo de Street Fighter Zero 3.

Na prévia da revista Super Game Power (Ed. 64 pág. 15), os gráficos estavam aparentemente muito fieis aos do fliperama (com aqueles efeitos de impacto lindamente herdados de Street Zero 2) -  já podia imaginar a Karin em movimento.

Apesar de ser flamenguista de coração, eu não interesso por futebol, sempre quis conhecer o maracanã. Foi em 1999, após ir pela primeira vez ao maracanã, assistir ao jogo Flamengo x Cruzeiro com o meu pai (flamenguista fanático assumindo), que fomos ao Penha Shopping (ainda em época de inauguração, lindo e maravilhoso) em uma pequena loja de jogos, com um vendedor muito simpático, ali estava o console Dreamcast, em sua versão japonesa, e com o lançamento do momento: The King of Fighters 1999 Dream Match de demonstração em uma das televisões dentro da loja - ao lado do Playstation (já me impressionava com a diferença visual brutal).

A Tec Toy, representante da SEGA, havia lançado o console Dreamcast no Brasil sem o MODEM - fiz uma crítica voraz desabafando para a revista Ação Games - como vocês podem conferir, saiu em Outubro de 1999 (edição 144, página 7 - número que incrivelmente coincide com o dia do meu aniversário - 7 de Janeiro), 1 ano antes de deixar de ser um "civil comum" e muito antes de adotar o nick"Mestre Ryu Kanzuki". E a capa, ironicamente, é representada por duas guerreiras fortes, Tiazinha e Lara Croft. Feliz pela minha carta ter saído, pela primeira vez, em uma revista (e em sua melhor edição). A revista ganhou uma premiação da Abril e logo depois passou a ser muito criticada com a entrada do estressado Frango, que respondia as cartas.

Parecia um sonho, não tava acreditando, fiz um salto astronômico - dos 16 bits do Mega Drive aos (controversos) 128 bits do Dreamcast. Eu estudava e deixava o console ligado rodando Marvel v.s. Capcom ( o primeiro jogo que compramos junto com o console ). Era praticamente uma terapia, sentir um filme ali rodando na minha tela de tubo grande, até estudava melhor (ouvindo aquele som incrível).

Street Fighter Zero 3 foi o primeiro jogo que comprei com a minha mesada, para o Dreamcast. E foi em uma incrível loja e locadora chamada Crocodille Games, localizada no bairro da Tijuca.

O interessante é que alguns jogos, que eu perguntava no telefone, mal saiam e já se esgotavam (uns jogos de Mega Drive - como o Dragon Ball Z; Fatal Fury I - e outros de Dreamcast, como o Soul Calibur). E como a remessa lá acabava rápidinho, ligava quase toda semana para perguntar: "vocês possuem o Street Fighter Zero 3 pro Dreamcast japonês ?". Em tempos que não se existia Mercado Livre, todas essas lojas eu costumava buscar pelo jornal O Balcão (sem mecanismos de leilão, o jornal era quase o "Mercado Livre" impresso).

O mais interessante é que enquanto eu comprava o jogo na Crocodille, ficava viajando na música "Nirvana" do Elbosco, que tocava em um rádio ligado ali. para a minha alegria, ao abrir o estojo, ali estava a Karin ali estampada, linda, na ilustração superior da mídia.

Depois de algum tempo, acredito que em meados de 2000, eu encontrava, finalmente, um fliperama com Street Fighter Zero 3, no incrível Madureira Shopping. Coloquei uma ficha, escolhi a Karin, e joguei.


POR QUE KARIN É DIFERENTE DAS OUTRAS


Karin não é uma mera patricinha comum. Ainda que seja reconhecida como a "rival da Sakura" para os antenados nos elementos canônicos, assim como Sakura, Karin pode provar que é capaz de estar no universo dos jogos independente da sua rival. Assim como Ryu já mostrou que pode se virar sozinho no primeiro Marvel v.s. Capcom (ainda que usando poderes dos seus principais "rivais" de quimono) ou até mesmo Sakura (inúmeras vezes; Rival School é um exemplo - sem a presença do Ryu).

Karin, desde quando chegou ao universo dos jogos, se desprendeu há muito tempo de ser uma "mera coadjuvante" só por que busca uma revanche contra Sakura em sua história de apoio. Em um jogo como Street Fighter, qualquer lutador ali pode ser protagonista. Desde que ela esteja no controle do jogador, Karin é muito maior e independente das suas histórias de origem.


AME OU OU ODEIE PORQUE É A KARIN


Eu vejo muitos aí dizendo "agora falta a Sakura" no Street Fighter V. Já temos tantos embates "Ryu & Ken; Ryu v.s. Sagat; Mister Bison contra todos" que particularmente não me faria falta ter mais um embate entre "Karin v.s.Sakura". A história já está resolvida lá no mangá - com a revanche mais do que resolvida no jogo Street Fighter Zero 3 (..e, me desculpem, quem se importa com uma cronologia organizada não pede "Street Fighter Zero 4"). Não precisamos de mais do mesmo porque a coerência agradece. Simples assim.

O universo de Karin não é só Sakura em seu caminho (ainda que ela seja lembrada apenas por isso por quem só prefere Ryu, Ken & outros "caratecas"). Um bom observador, percebe que, além de Karin, existem personagens de seu universo que fazem pequenas participações (sem contar ainda com outras existentes apenas nos quadrinhos).

Os livros e escritores mais brilhantes de histórias de RPGs conseguem trazer uma incrível expansão aos personagens de Street Fighter. Como muitos devem saber, Street Fighter tinha uma história bem rasa, melhorando bastante em Street Fighter Zero - uma influência das próprias adaptações (entre quadrinhos e filmes) - Karin é fruto disso.

Há muito tempo atrás, ainda no começo dos anos 2000 (entre 2001 e 2002),  o Google ainda não era a principal referência ( passei a conhecê-lo com a indicação de meu amigo Victor Mello em 2002 ) encontrei no site de buscas Yahoo, um texto bem interessante que caracterizava a vida social de Karin Kanzuki - a sua relação com amigos, principalmente. Até hoje não sei de onde esse texto foi retirado (se foi do próprio autor do RPG ou se foi retirado de uma história oficial) mas ali dizia que Karin tinha uma péssima vida social. Parece que quem o escreveu, certamente veio do céu pois isso iluminou e muito a minha ideia a respeito da lutadora.

O texto dizia que Karin era humilhada pelos colegas - hoje em dia descrita como "bullying". Uma garota de 16 anos que ostenta, treina várias artes, e acaba sendo lembrada pela derrota em campo de batalha, e se auto cobrando por isso, certamente se mostra com uma vida aparentemente rígida e sofrida - se " A luta é tudo ! " para Ryu, para Karin, "A vitória está acima de tudo ! " e a alteração das palavras não altera o resultado. A moral dessa história é: Karin é mais "Ryu de saias" do que a própria Sakura - ainda que com certas características interessantes - e outras mais acentuadas - que a diferenciam dos dois.

Karin pode ser uma guerreira solitária, independente da sua rivalidade contra Sakura. Seu nível de personalidade acaba sendo tão definido quanto Sagat em relação a Ryu, por essa tamanha concentração de interpretações e ideias que se pode tirar a respeito da vida social de Karin. Além de rica, mimada e esnobe, é dedicada - treina várias artes e ainda entretém com o seu sarcasmo.

Karin não é mera antagonista, e antagonismo não quer dizer que ela seja vilã. Ainda que incidental, sua batalha contra a organização criminosa shadaloo, no fim, a torna uma anti-heroína ao nível de um Wolverine (que surgiu também surgiu como um inimigo de Hulk nos quadrinhos) e se distanciando de um orgulhoso Sagat - que surgiu apenas como um mero chefe final de Street I e já se caracterizou como um "servo" de Bison (o ditador) em outras mídias.

Karin já mostra todo esse elemento concreto, interpretativo e complexo já em Street Zero 3 - seu jogo de estréia. Essa complexidade é compreendida quando vai além dos jogos e chega na publicidade. Passando por algumas lojas de fliperamas, cheguei a ver painéis com frases para cada lutador. Me deparei com esses painéis num shopping localizado em Vitória-ES e outra, numa loja em Macaé-RJ (essa última no começo dos anos 2000). Para Karin, a descrição era "O Anjo Mal". E daí, vinculando a publicidade ao jogo propriamente dito, uma questão interessante é deixada no ar antes do jogador colocar a ficha para terminar Street Fighter Zero 3 - Karin é vilã ou heroína ?


POR QUE KARIN DEVE TER UM FILME


Um tempo antes de conhecer Karin, descobri - por um feliz acaso - aquela que poderia ser sua futura interprete no cinema. Em 1997, estreava "A Princesinha". Tive conhecimento desse ótimo filme depois de um comercial da Warner no SBT - fazendo referências ao Jardim Secreto, uma outra adaptação ainda mais icônica. O longa é bem interessante, apesar de ser interpretado por atrizes mirins, se trata de temas que podem certamente agradar adultos. Tempos depois, descobri que o filme é na verdade uma adaptação de um livro.

Este longa lançou para o estrelato a estrante Liesel Matthews - a atriz com quem eu certamente me "casei ". No mesmo ano, ela se tornou a filha do presidente em Força Aérea Um, com o "Indiana" Harrison Ford "Solo". Liesel deve ter a minha idade hoje.

Como a classuda Sara Crewe, menina rica e, de certa forma, mimada, Liesel é o reflexo de Karin - inclusive o vestido e lacinho. De fato, mesmo não conhecendo as referências na época, a lutadora tem realmente os traços característicos dessas garotas da realeza. E Liesel ao menos fez duas personagens de alta classe - talvez ela nunca imaginasse o que o destino estaria lhe reservando. O que Liesel realizou era quase um retrato daquilo que lhe estava predestinado, em questão de classe social.
Liesel (foto) poderia ser Karin
no cinema 

Olha só a coincidência de Liesel com a história de Karin (assim como a vida de Robert Downey Jr. com a de Tony Stark). Liesel nasceu em Chicago, na família Prizker, uma das famílias mais ricas da América. Acontece que, em meados de 2002, Liesel "descobriu" ser herdeira de uma fortuna bilionária de seu pai, Robert Pritzker. Ela processou o seu pai e seus 11 primos mais velhos por U$$ 6 bilhões devido os desvios para o exterior usando o seu nome e de seu irmão.

Hoje, Liesel não utiliza mais o sobrenome artístico (que é uma homenagem ao seu irmão), passou a ser reconhecida como Liesel Pritzker sendo então, como filantropa,  fundadora do YAO (Jovens Embaixadores para Oportunidade - "Young Ambassadors for Opportunity"), uma instituição que ajuda jovens a inspirar, educar e evolver outros jovens em microfinanças para a "Opportunity International". Em junho de 2009, Liesel doou U$$ 4 milhões para a "Opportunity International" da África, afim de expandir as suas microfinanças por lá. E é co-fundadora de outras instituições educativas, como a IDP FoundationBlue Haven Initiative - empresa de seu marido, Iam Simmons. Atualmente, como Liesel Simmons, mora em Nova York. Ela também possui nível superior em História Africana (tudo a ver com a Sara do filme) pela Universidade de Columbia. 

O que dizer sobre isso? Liesel é a Karin do futuro - já que a lutadora utiliza tecnologias para enfrentar problemas - como detonar supervilões nos jogos de luta. É uma pena que a Liesel hoje não é mais atriz, mas se algum dia a "reencontrasse", certamente eu lhe faria uma proposta: - interpretar Karin no cinema. Pena que, com a sua atual atarefada vida de megaempresária isso provavelmente jamais aconteceria (já que ela, embora formada como atriz, só atuava por "hobby"). Mas escutem isso CAPCOM.

Numa brincadeira, um amigo do CosplayBr, Doidorotto, sugeriu Fergie (a vocalista do The Black Eye Peas) - se baseando na escalação de um membro do grupo para fazer o mascarado Vega (Balrog) em "A Lenda de Chun-Li". Levando para os tempos atuais, a escalação de alguém como Fergie faria jus, mas particularmente só consigo vê-la caracterizada de uma forma diferente ao que se vê nos jogos ou então nos quadrinhos - uma mulher adulta (e Karin não é adulta). Sendo assim, nos molde criativos encontrados no filme de Chun-Li.

Não consigo ver Fergie como Karin, não da maneira como ela deveria ser representada - embora seja inegável que ela renderia um turbinado "cosplay" em cena. Creio que Liesel, por já ter em sua raiz a nobreza, possa compreender a lutadora da sua forma (embora eu nunca a tenha visto como uma "vilã" em cena - seria um desafio interessante) e ter uma atuação melhor do que Fergie.

Buscando informações sobre personagens de roupa colegial (acredito que sobre Gogo Yubari do filme Kill Bill), encontrei um tema bem interessante envolvendo garotas colegiais e delinquentes - esse tipo de caracterização é conhecido como Sukebans, sendo que no dicionário japonês se refere à líder de uma gangue de garotas desse gênero - equivalente ao Banchô (para os meninos). Como forma de referência para Karin - a maneira que uma atriz que a interpretaria em cena de confronto ou provocação - seria algo bem interessante para se observar.

Misturar o estilo da realeza com o de uma garota barra-pesada seria a identidade perfeita para ver uma Karin no cinema (quem sabe em uma possível "Street Fighter: A Lenda de Karin" ou algum filme regular do "Street Fighter"). Fico imaginando Liesel realizando um trabalho como esse (fugindo de sua imagem de menina rica boa). É, sonho meu, sonho meu..

POR QUE KARIN QUASE ESTREOU MUITO ANTES


De certa forma, Karin parece ter um relacionamento bem familiar com a Sony (a então gigante no mundo dos videogames atualmente; mas, se bobear, Karin é mais rica). Além de fazer a sua estréia no Playstation, no Playstation 2 estreou no mundo dos "crossovers" - depois de Capcom Fighting Jam (1), ela também esteve somando forças em Namco v.s Capcom (2).

Ah, e não devemos esquecer também que a lutadora já participou da série de jogos SNK v.s. Capcom  - entre eles, como uma icônica figurante em Match of Millenium, o único de luta dessa parceria entre a Capcom e a SNK para o Neo Geo Pocket, o portátil do console Neo Geo que teve pouco espaço no mercado.









A verdade que pouquíssimos ainda sabem, é que a primeira participação de Karin seria em 1997 - no jogo Marvel Super Heroes v.s Street Fighter. Ou seja, mais um crossover. o curioso é que nessa aparição, Karin utilizaria o mesmo uniforme do mangá (ou seja, muito parecido com o de Sakura).













POR QUE EU CURTO... KARIN KANZUKI ?
Dizem que a aparência é o primeiro passo para atrair uma pessoa em relação a outra. Esta afinidade com uma personagem ficcional acontece da mesma forma. Acontece que muitos acabam se apegando apenas no seu visual - garota bonitinha, usa roupa colegial e usa cachinhos dourados. Karin é um diferencial, realmente, mas não só em questão de aparência como também de personalidade.

Ou pelo menos, a maneira como eu a interpreto, é a primeira lutadora feminina de um jogo de luta que eu consigo, de certa forma, me identificar como muitos traços da sua personalidade. Tanto é que, numa busca por criar um diferencial ainda maior para o meu nick, o "Mestre Ryu"* de chatts da UOL e fóruns virtuais acaba por então ganhar o seu sobrenome: "Kanzuki".

( *O "Mestre Ryu", inclusive, só consegui manter até hoje justamente para homenagear a Mariani, uma patricinha que eu gostava, e frequentava esses chatts. Meu nick originalmente era apenas "Ryu", mas depois que eu coloquei "Mestre", ela gostou e então ficou. )

Não me recordo no momento de onde veio a ideia de incluir "Kanzuki", mas procurei pelo máximo possível de referências à lutadora para então criar o "Mestre Ryu Kanzuki" para ser o nick definitivo em fóruns virtuais. Justamente para homenagear Karin, o seu sobrenome estava ali.

Em minhas trajetórias como "Mestre Ryu Kanzuki" define não só o fato de curtir também a Karin como também ter uma grande apreciação por títulos e personagens pouco (ou quase nada) conhecidos no universo dos jogos.

Esse também foi o fato que me aproximou de Karin, uma lutadora que veio sem nenhum apelo para o universo Street Fighter. Todos falam da Sakura, menos da Karin. E foi assim, quando Street Fighter Zero 3 saiu, de 98 até 2004. Falavam até da R. Mika nos fóruns, da Juli e da Juni, menos da Karin.
Ainda que tenha existido uma raríssima exceção, quando um membro de um fórum (K.O.F. Battlefield) dizia que jogava com a lutadora apenas na barra V-ISM.

Em 2004, antes do You Tube se estabelecer, comprei uma série de 10 vídeos em VHS em São Paulo, no Anime Friends 2004, com combos de vários jogos (entre eles, Street Fighter Zero 3) - e ainda tinha a opção de pegá-los em VCD, mas optei por pegar em vídeo mesmo para ter comodidade de assistir na TV, já que nem sempre eu podia mexer no computador. Assistia aquela série de vídeos até chegar a noite, para poder acessar a internet discada.

O vendedor dos vídeos, gentilmente me concedeu a oportunidade de escolher alguns cartazes. Entre eles estava um da Karin (como a imagem à direita). Era a primeira vez que eu via o seu rosto estampado em um elemento acessível para coleção, fora dos jogos.

A Capcom nunca investiu muito em artes oficiais de Karin. Sempre buscando pela internet, só encontrava artes internacionais feitas por fãs, de alta qualidade, ou então retiradas de mangás em que ela apareceu - e muitas delas acabavam sendo tão boas quanto as artes originais (caracterizando a essência real e vigorosa da lutadora) - a que estava estampada no poster era, inclusive, feita por um fã. E como é perceptível, é de alta qualidade.

Em 2005, a Capcom anunciava o laçamento de Capcom Fighting Jam para o Playstation. Admito, fiquei com ciumes em ver a Karin dentro de um jogo com tão pouco apelo e tão pouca ousadia. Não me sentia confortável com a geração Playstation 2.  Embora houvesse o Orkut, as redes sociais ainda não tinham a ampla repercussão que se tem hoje. O alcance dos fóruns de jogos de luta se limitava apenas aos usuários e aos interessados pelo tema específico. Então era difícil ver cosplayers e jogadores casuais falando sobre Karin, por exemplo. Mas ainda assim,  a presença em mais um título - como uma lutadora jogável - favoreceu levemente a popularidade de Karin, mas ainda era difícil ver quem a reconheça além do que apenas uma "rival da Sakura".


É a primeira vez que eu vi a Capcom realmente investindo na Karin, comercialmente, com bonecas de busto e gashapons. Cada passo foi favorável e "Capcom Fighting Jam" também. Porém a minha aversão por sequências de histórias já finalizadas ainda continua, e, provavelmente, deverá continuar.


POR QUE KARIN MERECE LEGADO


Desta vez, eu percebo que, com a sua presença em Street Fighter V, a comunidade brasileira de jogadores e apreciadores de jogos de luta começa levemente a levantar a sua bandeira a favor de Karin (eu vejo avatares usando o perfil de sua arte clássica, de Street Zero 3) ou então, até mesmo, mulheres aderindo imagens da nova Karin como imagem de fundo no Facebook.

As primeiras cosplayers eram todas internacionais, a primeira cosplay de Karin, foi essa (1), uma japonesa, em meados de 2003 ou 2004. A segunda (2), foi a primeira melhor caracterização de Karin que já vi.

 Com a sua popularidade levemente aumentando no Brasil, é perceptível ainda observar algumas cosplayers brasileiras - encontrei pelo menos duas, são elas: 3 (Thamara Ramos) e 4 (Paula Arnemann).

Karin é uma lutadora completa para o universo Street Fighter - além de sarcástica, elegante e determinada na essência (o que a torna tão "Ryu de saias" quanto Sakura),  na prática nunca foi a melhor entre as opções, mas certamente é uma das mais divertidas que já apareceram na série - além de contar com golpes originais (como "defender e rebater" golpes) utiliza técnicas pouco habituais, como utilizar movimentos especiais em sequência (no melhor estilo Fei Long, o sócia de Bruce Lee) de uma maneira nunca vista antes na série, introduzindo, de vez, o wushu (uma técnica do kung fu) em sua melhor forma e representação.

Karin é uma lutadora que realmente merece o seu perfil ainda mais explorado nesses jogos atuais para que mais e mais pessoas possam reconhecê-la. Agora é esperar pra ver, se Karin será tão bem respeitada e amada nesses próximos anos. Eu espero que sim.

E que isso continue até que, de alguma maneira, as pessoas deixem de associar Karin apenas a Sakura Kasugano.

Foram muitas Karins em minha vida gamemaníaca...

Mas só a Karin é única !!



LEGENDAS
V-ISM - A barra especial de Street Fighter Zero 3. Fica no canto inferior da tela, onde é possível realizar uma sequência de golpes (combo) variáveis quando carregada.

Crossover - cruzamento entre dois universos de personagens. "Cross"= Cruzamento; Over= Final



  PRINCIPAIS AGRADECIMENTOS  
A primeira vez em que vi a Karin foi na Revista Gamers número 30 (página 56). Essa novidade eu descobri graças ao meu amigo Gustavo, antigo colega de classe. Na 5ª ou 6ª série. Ele me apresentou a revista, com o Street Zero 3, e lá eu fiquei impressionado com a presença da Karin. Corri atrás da revista logo depois e hoje eu tenho aqui guardadinha na coleção em algum lugar dessa minha humilde bagunça.

Tenho de agradecer, em especial, site Data Cassete. Graças à esse site, estamos recuperando a história das revistas de games no Brasil. Enfim, um orgulho para a era digital. 
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