sábado, 26 de março de 2011

[SUPER Postagens Para SUPER Heróis - Vol.1: Heróis do Japão] Sessão Crítica: Azumi

NESTA POSTAGEM 
 
 SESSÃO CRÍTICA
A BELA E A ESPADA: UMA ANÁLISE DO FILME AZUMI

EXTRAS
NOTAS DE PRODUÇÃO
TRAILER
FICHA TÉCNICA


SESSÃO CRÍTICA
AZUMI


A BELA E A ESPADA


Aya Ueto esbanja graciosidade em meio ao banho de sangue

Essa fantástica adaptação de um mangá de mesmo nome, criado em 1994 por Yu Koyama, foi exibida algumas vezes pela TV a cabo Cinemax, em seus especiais de filmes Asiáticos. Apesar da embalagem do DVD Nacional descrever que o filme é uma adaptação de um raríssimo game para Playstation 2 (Lançado apenas no Japão e Europa), a verdade é que ambas as obras aproveitam passagens da série original.

O filme em sua produção, passou pela mão de diversos diretores e roteiristas, sendo quase largado no começo antes de chegar às mãos do diretor Ryuhei Kitamura, que já havia trabalhado em uma outra produção, o consagrado filme Versus (2000), também baseado num outro mangá de Koyama. Ele foi produzido durante as negociações que definiriam o filme Azumi. Katamura acabou recebendo o prêmio de melhor diretor no Fantafestival, um evento de filmes da Itália, em 2001.


A história gira em torno de um grupo de matadores órfãos, guiados pelo mestre Gensai Obata, para enfrentar um comandante inimigo e recostruir a paz no Japão. Sendo que o negócio se desencadeia em uma matança que ao mesmo acabam trazendo fragilidades que desencadeiam em questionamentos, principalmente pela mais habilidosa do clã, Azumi.


Se uma história como essa fosse contada há algumas décadas ou até há alguns séculos, uma mulher guerreando sozinha contra um exército de homens, seria um tremendo de um reboliço. Mas isso é um caso que até hoje existe. tanto é que houveram muitas reclamações por parte da crítica Britânica quanto à personagem M em 007 contra GoldenEye. Uma mulher que faz um típico mulherengo ser questionado em palavras severas, não é para qualquer caso.

Mas já que hoje personagens femininas independentes desse tipo estão virando moda e cada vez mais frequentes, as coisas acabam caminhando de acordo com o crescimento de importância do mulheril no cotidiano real. Ou às vezes a situação nem sempre é a mesma, e o mundo ficcional acaba fazendo o impossível antes.

Hoje poderia se dizer que não há nada dessa forma que possa ser muito incoerente metafóricamente. A força da feminilidade é muitas vezes representada pela sensualidade. As belas mulheres muitas vezes utilizam o seu poder de sedução como arma fatal. O cinema Asiático pode muitas vezes descrever o contrário. É aí que eles dizem não. Belas mulheres nem sempre precisam de sex apeal para ganhar um confronto com o sexo oposto. Azumi é um exemplo.

Apesar das passagens do filme possam parecer uma premissa inversa ao clássico Os Sete Samurais, uma de suas bases de inspiração foi o filme Mad Max. A teoria Mad Max, foi incluído para se ajustar à inclusão de Azumi na história , uma heroína que se destaca entre poucos aliados e muitos inimigos, sem contar a construção de cenários desertos e cheio de mortes aonde uma garota comum jamais iria. Um desses cenários, o da batalha final, teve o faroestes italianos como elementos de inspiração. Visualmente, a fotografia e edição são um grande destaque na peformace técnica.
O total dessa adaptação ficaria em torno de 5 horas se tudo do mangá fosse realmente adaptado, o que não era possível. Também havia discussões que poderiam fazer o filme ficar além das suas quase 2h 30 min, sendo um filme de 3 horas. Mas segundo os responsáveis, Os jovens não são pacientes, então o filme ficou na duração orginalmente prevista. Há também uma versão do diretor de 145 minutos, não lançada no Brasil.


O cast é composto por um talentoso grupo de atores e atrizes, em sua maioria novatos, outros mais experientes, todos desconhecidos por aqui. Quem dá vida à personagem título é a pop star Japonesa Aya Ueto, cantora, atriz e modelo, com apenas 17 anos na época. Apesar de Kitamura tê-la em mente desde o começo, houveram testes com outras atrizes, dentre mais de 300 pessoas. Aya, apesar de nunca ter usado uma espada, fez mais de 90% das cenas de ação, também por encorajamento do diretor e do coreógrafo. Se machocou várias vezes durante as filmagens, uma delas foi uma espadada na testa, abrindo um corte. Entre sangue e choro, o resultado se vê na tela.

As sequencias em que ela usa uma capa, que quase não foi entrada no filme, faz com que a história fique ainda mais próxima do original e também ganhando uma versatilidade nas cenas. Diferente do mangá, Azumi não é tão ofensiva, ela também costuma se defender, o que pode representar mais da sua fragilidade. Há também situações fora do roteiro como o caso em que Azumi simula uma coreografia com a espada em chamas.

A pequena beldade foi certamente uma escolha indispensável. Ela tem o seu carísma e realmente se dedicou de corpo e alma para esta personagem. Fica bem evidente que a valorização do enredo e do própria direção está depositada em grande parte na dita cuja, o que contribui e muito para que a atriz apresente essas facetas da personagem de alguma forma. vemos isso em mais evidência nos seus momentos de questionamentos, frustrações e até meigos. Neste conjunto, vimos a personagem se dividir entre anjo e demônio dentro de sua natureza.


Aqueles que poderiam ser considerado os heróis na história, incluíndo Azumi, estão num patamar um pouco acima ou fora do comum de certos estilos de anti-heróis que temos como exemplo hoje. Quase que por sobrevivência nessa lei da selva, eles fazem certas coisas que inclusíve, não é algo que toda hora se vê por aí. O que traz um momento bastante realista e identificável ou até dificilmente de serem aceitos nessa história. Afinal, eles são matadores, precisam agir como tal e não realmente como heróis.

É interessante notar aqui também, o papel de Yoshio Harada (Excelente peformace), o mestre dos guerreiros protagonistas. Enquanto seus discípulos são levados pela emoção, o mestre apenas procura se concentrar friamente na missão, sem se deixar levar, mesmo que tenha que sacrificar seus discípulos na jornada, que de alguma forma os vê como netos ou como seus próprios filhos.


Mas dentro desse barco, os vilões muitas vezes se mostram mais cruéis, tendo que matar apenas para amendrontar o seu adversário ou por serem loucos. Esse vazio parece estar no sangue. Embora, até os de destaque mostram o seu valor humano , alguns se tornam um divertimento à mais. Só que nesse caso, nem sempre se apresentam com uma característica que chegue a justificar como um vilão cruel de verdade, alguns não tem nem tempo de mostrá-los por muito tempo, graças à rápidez da lâmina da garota-título e de seus acompanhantes.

Os destaques no cast de vilões ficam ainda para Jo Odagiri (Bijomaru Mogami), que também contribuiu na construção do visual aparentemente afeminado (a florzinha é idéia do diretor) e insano do seu personagem (entra maluco e sai desesperado), assumiu também não ter muita habilidade com espadas, até o game designer Hideo Kojima (Metal Gear Solid) surge tirando onda numa divertida participação, e Naoto Takenaka, como o comandante inimigo Kiyomasa Kato, criando um laço interessante entre o temperamental e o familiar com o seu braço direito, Kanbei Inoue (Kazuki Kitamura).

O crescente desafio em que os inimigos dão a Azumi e a cada um de seus acompanhantes na empreitada é também outro dos grandes momentos. São essas situações que acabam definindo muitas vezes cada personagem incluído na história.

O seu ambiente é também fora do comum, ao tentar certas vezes reconstruir uma espécie de desenho animado. Além de haver certas características fora dos tradicionais filmes de época, o que pode irritar os detalhistas: o posicionamento em que as espadas são guardadas e homens com figurinos femininos.

Os efeitos meio loucos, chegam a dar a impressão de Azumi parecer uma boneca (em raros momentos).
Outra característica dessa repaginada fora do normal, são alguns escrachados jatos de sangue típicos de filmes B como o Street Fighter de Sonny Chiba. Já que temiam as proibições do filme, eles não ousaram em certas mortes. Ao invés disso, as cortadas de cabeça foram evitadas de saírem de maneira natural e deram um aspecto mais irônico.

Essa idéia em misturar uma espécie de Animê-Live-Action com um ambiente realista, faz o filme perder um pouco da riqueza de sua profundidade dramática. Mas ciente disso, e por ser sem duvida uma das melhores adaptações de uma história em quadrinhos, o filme não deve ser encarado apenas com muita seriedade do começo ao fim. Encare o filme como uma grande diversão. Afinal, aonde já se viu uma garota sozinha detonando umas 200 cabeças? Ou caçando uns trocentos peixes com uma pedra? Realmente a intenção era fazer uma graça. A leitura é a de um mangá, que vive de algumas caracterizações fora do comum em um universo mais pessoal do diretor.

O filme ganhou 5 das 6 indicações somadas aos prêmios do Japanese Academy Awards, Boston independent Film Festival e Philadelphia Film Festival. Vencedor de 3 dos 4 indicados pelo Japanese Academy: da academia, Jô Odagiri e Aya Ueto como revelações, do júri popular: Aya Ueto (Peformace mais popular); além de ser nomeada à melhor atriz. Os eventos de Boston e Philadelphia, concedeu os prêmios: Prêmio especial do Júri e premiação da audiência para o roteiro, respectivamente.

Azumi teve uma sequência em 2005, sendo lançado por aqui diretamente em DVD (assim como o primeiro) entitulado: Azumi 2: Amor e Morte (Azumi 2: Death or Love).

                                                      EXTRAS                                                      

Notas de Produção
 
- Azumi chegou a ter características mais próximas de uma ninja em seus primeiros roteiros.

Trailer


Galeria De Imagens

A atriz Aya Ueto, sem o uniforme

As duas faces da heroína

Encarando seus inimigos..

Os vilões não têm vez para a lâmina afiada e hábil de Azumi

Bijomaru é páreo duro para Azumi e Azumi é páreo duro para Bijomaru
Azumi criança (lado esquerdo) e seus companheiros (lado direito)


Azumi dos mangás
FICHA TÉCNICA
 
Filme
Título Original:
Idem
Gênero: Aventura
Duração:
128 min
País:
Japão
Ano:
2003
Artigo: 2009, 2011 © Mestre Ryu, textos e montagens.
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