terça-feira, 21 de abril de 2020

[Sessão Crítica] Mortal Kombat Legends: Scorpions's Revenge




Parece que todo o anseio por uma adaptação que carregasse toda a truculência dos jogos se reuniu em sua melhor forma. Os fãs gritaram por tantos anos e o pai do Pernalonga, finalmente, atendeu. Bom, é a Warner, empresa gigante do entretenimento, com dinheiro suficiente para tornar uma marca tão conhecida e popular do cultuado submundo dos videogames para algo além do seu nicho. Enfim, desde que os direitos da marca deixaram de ser da eterna Midway há algum tempo.

Este longa animado que adapta a série de jogos Mortal Kombat, apresenta uma notável profundidade na forma de argumentar o seu universo e os seus personagens.

Mesmo com um tom de narrativa tradicionalmente leve e rápida dos desenhos americanos da televisão, a sanguinolência que as adaptações audiovisuais de Mortal Kombat deviam até então finalmente cumpre sua presença por aqui da forma mais pesada até do que os próprios jogos, com o exagero das fatalidades 99,9% levadas a sério.

Como um produto para atrair o grande público, aquela história obscura do primeiro jogo quando Raiden não estava nem aí pra Terra, vai continuar ainda lá. Tocamos o longo barco para a China em busca de referências à obra que mudou tudo na história de Mortal Kombat, o primeiro filme de 95. Mas diferente dele, aqui, Scorpion e Sub-Zero não são meros capangas de Shang Tsung. Pelo contrário, agora existe uma forte relação entre os dois protagonistas mais queridos e escolhidos entre os jogadores do videogame com o espectador da animação.

De fato, sobre o teor de violência, se você tem sensibilidade com cenas fortes, é melhor se preparar para o Kombate da melhor adaptação já feita do universo de Mortal Kombat.

A demora por todo esse tempo em obter um longa metragem com classificação etária tem uma justificativa. Em 1992, quando o jogo saiu, para Arcades, a garotada mais velha ia jogar. Mas quando o jogo saiu para consoles 16 Bits, é óbvio que o público esmagador eram de jovens abaixo dos 18 anos. Isso, é claro, a Globo nunca vai mostrar e a torcida toda do Flamengo nunca vai assumir.

Lançar Mortal Kombat: O Filme com faixa etária 18 anos, em 1995, numa época em que crianças descobriam os jogos de luta seria um suicídio para a própria marca, que estava ali nascendo e precisaria de mais royalites para pagar os detentores do seu produto. Eles precisavam da família toda no cinema assistindo a pancadaria rolando no Outworld ou então teria que contar com uma trama absurdamente interessante para uma faixa de público que nada teria a ver com o jogo ou no máximo pegar uma classificação 14 anos e gastar uma nota para contratar algum ator de ação bombando na época. Ninguém queria isso em curto espaço de tempo. Fora que em 95, os filmes de ação tradicionalmente conhecidos desde os anos 80 estavam começando a entrar em declínio. Era um imenso risco.

Hoje, essa faixa de público cresceu e estão preparados para histórias mais profundas de seus personagens. Na visão comercial, Mortal Kombat é muito mais conhecido hoje do que era antes. Para a cultura pop, Mortal Kombat Legends: Scorpions's Revenge era o que a marca Mortal Kombat precisava para apresentar a identidade que já estava estabelecida nos jogos.

As amarras da trama de quase 60 minutos consegue movimentar bem a interação dos sete principais personagens da forma que pode.  Tendo, claramente, o foco em Scorpion. É uma melhor visão do que certos longa metragens solo de super-herói por aí em que a história do protagonista se perde no meio do caminho. Aqui, é diferente.

O desenrolar do universo entra naturalmente - caindo como uma luva - apresentado camadas ainda mais interessantes, como plano de fundo, enquanto a trajetória do anti-herói segue em frente.

A exemplo do longa metragem de 95 (além das suas referências - Kano é a mais clara homenagem à atuação do carismático Trevor Goddard), o visual dos personagens se diferencia - como ocorre em cada nova versão nos jogos - tendo assim, a sua identidade visual e trazendo um acréscimo ao universo cronológico das obras.



Eu nem sempre escolhia o Sub-Zero. Meu primeiro personagem a me tornar fã foi o Scorpion. E este trama, certamente, me fez voltar a ser fã com força do Scorpion e ter raiva do personagem que salva as minhas fichas: Sub-Zero.

A tendência de humanizar as obras de fantasia, funciona de forma transparente por aqui, em separar cuidadosamente e de forma simples o estilo de cada personagem e o momento de agir de cada um - se Johnny Cage é reduzido a mero alívio cômico durante toda a trama, ele traz alguma surpresa posteriormente, portanto, não dá pra subestimar.

Mesmo num curto espaço de tempo, as amarras de interação entre todo o elenco são convincentes e justas - com a participação de outros personagens presentes em edições posteriores ao primeiro jogo.

Sim, sem brincadeiras ou Friendships. O estilo de traço quadradão, lembrando os de Bruce Timm, dos seriados Batman Vol.2 e Liga da Justiça, é bastante tradicional e, aparentemente, uma alternativa mais barata para animações em 2D. Até aí, nada a reclamar, pois a técnica em combinação com a história é emocionalmente envolvente (algo raro pra esse tipo de produto) e te coloca dentro do jogo.. ou o melhor, no melhor filme do Mortal Kombat já feito mesmo.

 SESSÃO CRÍTICA 
Mortal Kombat Legends: Scorpions's Revenge
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