quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

[Sessão Crítica] O Máskara (1994) - Postagem Comemorativa 20 Anos

NESTA POSTAGEM
SESSÃO CRÍTICA 
O MÁSKARA



EXTRAS
MEMÓRIAS DA SESSÃO
CENAS EXCLUÍDAS
BASTIDORES
FILME X QUADRINHOS
ENTREVISTA 
FICHA TÉCNICA 



SESSÃO CRÍTICA 
O MÁSKARA

DE MORDAZ A MOCINHO
personagem adota um gênero bastante arrojado para um tipo de Super-Herói 

O destino do protagonista se assemelha muito ao grandioso e merecido sucesso desta incrível adaptação de uma HQ obscura. Com os seus 32 anos, o ator canadense Jim Carrey, que já havia provado aos americanos o seu potencial para o humor em Ace Ventura no início de 94, conquistou o mundo como Stanley Ipkiss, um tímido bancário da cidade fictícia de Edge City, local onde se passa a trama. Ipkiss é um tipo de personagem muito humano e muito bem construído, daqueles que dificilmente pintam no cinema de uma forma que até eu consigo me identificar com tanta verossimilhança. 
sucesso custou U$$ 18 Milhões e rendeu um total de U$$ 320 Milhões na bilheterias ao redor do planeta.

O Máskara se tornou um dos três longas de 1994 (incluindo Debi & Loide: Dois Idiotas em Apuros) a tornar Jim Carrey um superastro da década de 90. Jim é um ator bastante completo e que inclusive chegou a realizar sequências espontâneas que acabaram entrando no longa e que acabaram por fazer os produtores melhorarem ainda mais o filme, graças ao grandioso desempenho do astro. Particularmente, é o meu ator favorito para o gênero, e que também mostrou se sobressair bem em dramas como O Show de Truman: O Show da Vida (1998) posteriormente.

 
Cameron Diaz em sua presença mais estonteante no cinema

Cameron Diaz faz uma estréia bombástica aqui, a então ex-modelo encarna Tina Carlye, uma dançarina e cantora da boate Coco Bongo, a mais famosa da cidade. De todos os seus personagens que já interpretou, é justamente em seu primeiro papel que Diaz vive a personagem mais apaixonante de toda a sua carreira como a estonteante Tina. Sua beleza e ternura desperta o interesse do personagem Ipkiss.

Richard Jeni (Charlie) ao lado de Jim Carrey (Stanley)

Stanley Ipkiss é um sujeito bonzinho, onde todos procuram se aproveitar dele de alguma maneira, sendo auxiliado pelo amigo metido a mulherengo, Charlie Schumaker (Richard Jeni), a se desenrolar com as mulheres, mas as coisas não dão muito certo assim como quase nada em sua vida. Daí, surge um acontecimento que nos dá vontade de pular naquele universo e estar no lugar do protagonista. Ao acreditar que está prestes a salvar uma vida em perigo, ele encontra uma máscara no lugar - capaz de multiplicar os desejos mais ocultos de quem o utiliza. Ipkiss se torna um personagem cativante, conquistador e extrovertido, deixando de vez a fama de loser, ou só por uma noiteE mesmo que o tímido e bondoso bancário tente se livrar dela, a máscara sempre volta.

E com as cores do Brasil, música alegre e jeito irreverente, O Máskara tem muito do povo tupiniquim. Seria uma inspiração do diretor ao suavizar a imagem da criatura? 

De tão envolvente a relação entre o personagem Ipkiss e a máscara, a vontade é de sempre torcer pela sua forma de Máskara voltar. A sua certa (e bem sacada) ausência no longa realmente lê o sentimento dos fãs que ele conquistou (e que poderia recebê-lo mais uma vez com aplausos) quando ele enfim retorna com um: - Sentiram a minha falta? 
Max, segurando por Jim, é o cachorrinho Milo, um personagem bem importante do filme. 

Nas cópias do DVD é possível encontrar cenas excluídas. A intenção inicial era de fazer um filme de terror e humor negro mais fiel aos quadrinhos, mas os produtores acreditaram que a adaptação não venderia. A não preocupação em se fidelizar a uma obra original desconhecida do grande público se tornou até um triunfo, pela maneira muito bem conduzida desta aventura cômica (com um ritmo alucinante como nos quadrinhos, incluindo referências, mas de uma forma diferente).
É um caso que atualmente vem acontecendo com obras famosas e dando certo, com a aceitação do público e crítica, ao trazer personagens já conhecidos de maneira mais atualizada (é o caso do Homem de Ferro e a trilogia Batman, de Christopher Nolan). Para uma época onde as maiores referências eram a versões cinematográficas de As Tartarugas Ninjas, Batman de Tim Burton e O Corvo de Alex Poyas, O Máskara tem o que há de melhor e de uma maneira certa para se diferenciar das duas obras anteriores (que são mais sombrias e mais violentas) sem ser muito politicamente correto. E acaba por ser tão cativante quanto as próprias Tartarugas Ninjas no quesito humor e coerência em encantar audiências mais maduras.

Mesmo com a suavização dos produtores em relação ao personagem extremamente violento das HQs, O Máskara do diretor Chuck Russell é quase um Anti-Super-Herói. O humor negro impera - de maneira bem cartunesca com referências aos desenhos animados e números musicais marotos e deliciosos - com temas arrojados de canções que envolvem desde referências ao cenário dos musicais antigos a música latina.  A presença da máscara traz ainda um interessante embate de personalidades entre o bem, o mal e o irônico. O Máskara sem dúvida alguma é um dos trabalhos mais apaixonados que já vi. E com apenas um investimento dos U$$ 7 milhões restantes da produção, conseguiram realizar  efeitos especiais (indicado ao Oscar) que impressionam até hoje. Um espetáculo com doses românticas.

O trabalho na versão dublada é excepcional. Na versão de cinema, VHS e DVD, Jim Carrey foi interpretado por Tatá Guarnieri e na segunda versão, para a TV, contou com a voz de Marco Ribeiro - famoso por diversas vozes de personagens marcantes, como Woody (Toy Story) e Yusuke Urameshi (Yu Yu Hakushô).

MOMENTO PÓS-CRÍTICA
Com a chegada do longa em VHS,  em uma entrevista a revista Home Video número 4 (Junho de 1995), Chuck Russell cogitou a possibilidade de uma continuação: - Para O Máskara 2 eu vou fazer o primeiro tratamento, anotações, e só depois escolherei um co-escritor. Terá mais números miusicais, já que Jim Carrey sabe dançar e cantar, com cores dos musicais dos anos 40 da Fox. Comentou o diretor.

Em uma Biografia exibida na TV, se comentava que Jim Carrey recusou os U$$ 10 Milhões que foram lhe oferecidos para assinar o contrato. Carrey alegou que após sua experiência em Ace Ventura 2: Um Maluco na África, o retorno ao papel de Stanley Ipkiss não lhe renderia grandes desafios e a sequencia infelizmente não saiu do papel. O Máskara 2, com os mesmos protagonistas do original, acabou nunca realizado.

Ainda no mesmo ano com a chegada do filme ao VHS, estreava a série animada de TV dando continuidade às aventuras do filme. A produção era mais voltada ao público infantil. Teve um total de 3 temporadas (entre 1995 e 1997) com 54 episódios. Foi exibido por aqui pela TV Globo dentro dos programas Bambuluá, Angel Mix e TV Globinho, e posteriormente pelo SBT no programa Bom Dia & Cia.
10 anos depois do primeiro filme, foi aproveitado a possibilidade e decidiram realizar uma sequência com um elenco diferente. A surpresa de O Filho do Máskara (The Son Of Mask), lançado em 2005, é a participação do psicólogo, Dr. Arthur Neuman, interpretado por Ben Stein - o único ator do elenco original. Apesar de até divertir, o longa nem se compara a qualidade do trabalho marcado pelo trio mágico: Carrey - Russell - Diaz.

  EXTRAS

 MEMÓRIAS DA SESSÃO 
 Eu me lembro que a primeira vez que eu assisti ao O Máskara, foi no cinema. Era a primeira vez que eu tinha assistido a um filme no Barrashopping e fiquei impressionado com o tamanho da tela. Antes do filme, um trailer que eu me lembro com grande exatidão foi o da adaptação Street Fighter: A Última Batalha (1994). Fato que eu fiquei louco com aquele trailer todo bem feito e com música clássica no fundo e o tom sério do filme, tudo parecia funcionar com algo digno de superprodução Hollywoodiana. 1 ano depois de ter conhecido o game, eu estava empolgado pra vê-lo na tela. Saindo do cinema (ou acredito que antes) me lembro que eu estava com a família e avistei uma atriz da novela das 7 da Globo na época, Quatro Por Quatro (uma das melhores novelas da emissora). A atriz em questão era Elizabeth Savalla (que interpretava Auxiliadora, hoje está em Amor À Vida, como Márcia) em uma lanchonete do shopping.  Hoje é um pouco difícil achar famosos circulando por lá, mas naquela época era direto.   
Se eu bem me lembro, mesmo naquela era de hiato dos Super Heróis Japoneses (Tokusatsus) na TV Manchete, prestes a exibir Os Cavaleiros do Zodíaco, associava muito algumas feições de Jim Carrey ao Tetsuo Kurata - principalmente nas cenas em que está sério, como na parte em que ele está no seu apartamento prestes a colocar a máscara, por exemplo. Para quem não reconheceu (ou nunca ouviu falar), Kurata interpretou Issamu Minami no seriado Black Kamen Rider (exibido por aqui em meados de 1991).

FILME X QUADRINHOS 

Criação 
 ★ A primeira aparição do personagem que futuramente seria conhecido como O Máskara, foi na 10ª edição de uma série de publicações da Dark Horse Comics. A criação foi assinada pelo escritor John Arcudi e pelo artista Doug Manhke, baseado num conceito publicado por Mike Richardson em 1982 e liberado oficialmente para circulação mensal em Maio de 1989 (edição Mayhem nª1). Nos cinemas, Chuck Russell ficou mais conhecido por trazer a sua visão mais pessoal da criatura.

Personalidade 
 ★ Na HQ, Stanley se tornava violento e vingativo ao virar o Máskara. No filme ele possui superpoderes de características cômicas, inspiradas nos desenhos animados de Tex Avery, dos Looney Tunes, e do Pica-Pau (o seu giro supostamente teria se inspirado no Taz Mania).  No filme, a criatura se torna violenta atacando ou prejudicando apenas pessoas más, como bandidos e arrogantes, quando se sente ameaçado.

Máscara
★ Nos primeiros quadrinhos a máscara era bem diferente de como aparece no filme e na série animada de 95. A peça não era feita de madeira, mas sim de vários pedaços de jade, e tinha mais detalhes, como olhos e nariz. Outra diferença, é que no filme se trata de uma máscara viking, nos quadrinhos ela é uma máscara vudu de uma tribo africana capaz de falar com Ipkiss.

Cena da Vingança
★ A cena do filme, em que o Máskara ataca dois mecânicos por vingança, estava presente nos primeiros quadrinhos, mas com a diferença de que ele realmente mata os mecânicos.

Primeiro Herói
Kellaway em uma de suas versões nas HQs e o seu intérprete, o ator Peter Riegert na versão de cinema

★ O Tenente Kellaway foi o principal herói nos primeiros quadrinhos, e nem suspeitava que Stanley Ipkiss era o Máskara. Esteve em 11 edições contadas até o momento. No filme, Stanley, na forma do Máskara, tem uma certo senso de justiça em sua personalidade com algumas características assumidas pelo tenente das HQs.

Primeiro Nome 

Poster de The Mask Returns (a segunda fase da série), publicado entre outubro de 1992 e março de 1993 

★ Somente após o lançamento do filme o personagem passou a ser chamado de "The Mask". Na verdade, o título "The Mask" que aparecia nos primeiros quadrinhos, se referia somente a máscara (objeto), enquanto a "transformação" era denominada "Big Head" ou Cabeça-Grande (não importando quem estivesse usando a máscara).
Origem
★  No gibi Stanley parece mais velho, com menos cabelos, usa óculos e tem uma namorada chamada Kathy. Ele encontra a máscara em uma loja de antiguidades, enquanto procurava um presente para comprar para Kathy. Stanley se torna cada vez mais obcecado pela máscara, se tornando um personagem cada vez mais sombrio. Diferente do filme, onde Stanley é de boa alma a ponto de querer cada vez mais se desfazer da máscara devido aos problemas que ele causa.

Outros Máskaras
Na forma do Máskara, Kathy acaba matando Stanley no fim da primeira história das HQs

★ Nas histórias em quadrinhos, muitas outras pessoas usaram a máscara depois de Stanley Ipkiss, entre elas, estão a sua namorada Kathy e o Tenente Kellaway. No filme, Dorian Tyrell (Peter Greene) se torna a personificação vilanesca do Máskara; e até mesmo Milo (o cachorrinho de Stan) usa a Máskara

Cena dos Punks
★  A cena em que o Máskara faz animais com balões, e atira em uma gangue de punks com uma metralhadora, também foi tirada dos quadrinhos originais da Dark Horse (The Mask nª 1, publicada em agosto de 1991). Porém nos quadrinhos quem usava a máscara nesta ocasião era o Tenente Kellaway, que ao coloca-la havia se transformado em um policial louco, e estava perseguindo e matando todos os bandidos da cidade, com a ajuda de seus novos poderes.

 CENAS EXCLUÍDAS

Vikings
 A origem excluída, mostra um grupo de vikings e uma feiticeira aprisionando Loki na máskara. Ela então concede um desejo para que a energia só seja libertada apenas por um tolo. 


Na entrevista concedida a revista Home Video para o jornalista Paulo de Góes, em sua visita a São Paulo para a divulgação do filme em 1995, o diretor Chuck Russell revelou ainda um prólogo dos vikings não apresentado por questões de custo. - Mesmo com toda a organização, tive que cortar (por causa da duração de O Máskara) um prólogo, no qual o navegador viking Leif Erikson chega à América para se livrar da máscara, e um imediato dele diz: - "Acho que o senhor descobriu um novo continente. Não quer dar um nome a ele?" Erikson responde: - "Não, vamos voltar pra casa correndo. Deixe isso para os Italianos". 

A Morte de Peggy 
Na aparente versão mais sombria do filme, o vilão Dorian Tyrell (na forma do Máskara) mata a personagem Peggy ao ser ameaçado, jogando-a sobre máquinas compressoras de imprimir jornais. A cena teria sido retirada porque o diretor achou que a cena pareceria assustadora para audiências mais novas. 


BASTIDORES
Vanessa Williams participa da trilha sonora de O Máskara com a música You Would Be My Baby. Por incrível que pareça, Vanessa também esteve cotada para o papel de Tina Carlye, antes de Cameron Diaz assumir o papel.

Kristy Swanson (posa em uma arte de divulgação à esquerda) e Anna Nicole Smith (à direita)

Outras cotadas para a personagem Tina estavam também a Playmate Anna Nicole Smith (falecida em 2007) e Kristy Swanson (Atuou na série Buffy: A Caça Vampiros).

Posteriormente, Vanessa se tornou mocinha de Queima de Arquivo (Eraser), de 1996, com Arnold Schwarzenegger, e dirigido pelo mesmo diretor de O Máskara.

Richard Jeni, o ator que interpretou o melhor amigo de Stanley, era considerado um dos melhores comediantes de Stand Up - na TV, ficou conhecido pelo humorístico Tonight Show. Em 10 de Março de 2007, Richard infelizmente foi encontrado com um tiro na cabeça (vítima de uma arma calibre 38) pela sua namorada Amy Murphy. Ele ainda estava com vida, mas não resistiu aos ferimentos quando chegou ao hospital. O diagnóstico constava que Jeni sofria de paranoia e depressão. Nascido em 14 de Abril no bairro do Brooklyn em Nova York, Richard Jeni faleceu aos 49 anos em Los Angeles Califórnia.
Amy Yasbeck é a jornalista Peggy Brandt. Amy já esteve em outros sucessos da década de 90, como Uma Linda Mulher (1990), O Pestinha (1990) e O Pestinha 2 (1991).

Detetive Doyle no filme e na série animada, respectivamente

Jim Doughan é o parceiro de polícia do tenente Kellaway, o detetive Doyle. Jim já apareceu em outras produções conhecidas como O Ratinho Stuart Little (1999) também interpretando um detetive.
Susan Boyd é a cantora que dubla Cameron Diaz na canção Gee Baby, Ain't I Good To You?

Dorian (Peter Greene) briga com o mocinho Stanley

Peter Greene é o namorado mau-caráter de Tina e o charmoso e cruel vilão Dorian Tyrell. Greene já apareceu como um antagonista em outros filmes conhecidos como Dia de Treinamento (2001), filme que rendeu o primeiro Oscar de Melhor Ator para Denzel Washington, e na mesma década: Pulp Fiction: Tempo de Violência (1994) e Os Suspeitos (1995).

Como o Máskara, Jim Carrey improvisou algumas sequências (como a parte em que uma camisinha aparece quando ele é revistado pelos policiais). As cenas onde o Jim Carrey sorri com a enorme dentadura eram originalmente sem falas, como ele teve a incrível audácia de aprender a falar com aqueles dentes enormes, que lhe dá o sorriso característico da criatura, os roteiristas aproveitaram para incluir diálogos nessas cenas. 

Assim como Stanley Ipkiss, Jim Carrey já passou por momentos difíceis. Na adolescência, teve que abandonar a escola para morar com a família dentro de uma Kombi. E aparentemente, sempre lidou com os problemas com muito senso de humor. Um exemplo disso foi quando esteve preso no elevador do Cristo Redentor por 10 minutos quando esteve no Rio de Janeiro para promover o filme Os Pinguins do Papai (2011) - gravou todas as suas brincadeiras pelo celular enquanto outros se mostravam impacientes (vídeo acima apresenta uma entrevista ao Fantástico da TV Globo com estas cenas).

ENTREVISTA 
O HOMEM POR TRÁS DA MÁSKARA
ENTREVISTA COM O DIRETOR CHUCK RUSSELL
(Revista Home Video: Para Quem Gosta de Filmes - Junho de 1995, Nª 4)
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"O criador do herói mais maluco dos últimos tempos fala sobre sua criatura"
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Entrevista realizada por: Paulo de Góes
Adaptação & Atualização: Mestre Ryu

Tive a oportunidade de conversar com Chuck Russell, diretor de O Máskara, durante sua visita a São Paulo para o lançamento do filme. Chuck é divertido e se considera um descobridor de taletos. com razão foi ele quem descobriu o roteirista Frank Darabont (diretor de Um Sonho de Liberdade, indicado ao Oscar); Jim Carrey, Sarah Jessica Parker e Patricia Arquette. Nada a estranhar. Afinal, essa característica Chuck divide com seu mestre, o produtor-diretor Roger Corman*, com quem trabalho no início da carreira.
*Notas Curiosas: Roger Corman foi produtor do primeira adaptação cinematográfica de O Quarteto Fantástico (The Fantastic Four), com sua produção iniciada em 28 de Dezembro de 1992 e o filme finalmente finalizado no ano de 1994. Esta primeira aventura dos Super-Heróis da Marvel chegou a ser anunciada pela mídia em meados de 1993, com o trailer sendo exibido nas fitas cassetes de Carnossauro (outro filme de Corman) mas jamais entrou oficialmente em circulação comercial. O filme vazou e acabou sendo distribuído de forma ilegal. Hoje é possível encontrar cópias gravadas do filme pela rede.

PERGUNTA: "Afinal, as pessoas o chamam de Chuck ou de Charles?"
RESPOSTA: Se eu devo dinheiro a eles, me chamam de Charles. 

P (Paulo): Então vou chamá-lo de Chuck. Pelo que li no release do seu filme, você cursou a Universidade de Illinois. Fez a Escola de Cinema?

R (Russell): Não, minha família não era tão pobre, mas não dava pra cursar a Escola de Cinema. Era garçom no meu tempo livre. Tinha duas irmãs e, na família, só meu avô era artista. Um músico que tocava o mesmo tipo de música dos anos 30 e 40 que usei em O Máskara. Eu sempre quis ser um diretor de cinema, mas, como vivia em Chicago, essa possibilidade parecia bem remota. Chicago tem grandes comediantes, mas não realizadores de cinema. Quando fui para Los Angeles, parecia que eu tinha fugido com o circo, pois lá conheci muita gente maluca. 

P: Você me disse que era amigo de Frank Darabont, diretor de Um Sonho de Liberdade e que ele era chover! Como foi isso? 

R: É verdade. Eu era gerente de produção de um filme de orçamento baixo com Linda Blair (Hell Night, 1981) e ele guiava - mal, por sinal - um dos trailers da companhia. Ele sempre chegava atrasado. Queria despedi-lo, mas li um roteiro de um telefilme escrito por ele, que era muito bom. Disse a ele: "Você é um escritor e não um motorista". Paguei o aluguel dele por um tempo, reescrevi parte do que ele havia escrito e passamos a trabalhar como parceiros. Escrevemos A Hora do Pesadelo 3 - O Guerreiro dos Sonhos e A bolha Assassina. Escrevemos Separadamente também. Acho que sua estréia na direção em Um Sonho de Liberdade é espetacular.

P: Como foi possível fazer O Máskara só com U$$ 13 Milhões, já que os restantes U$$ 7 Milhões do orçamento foram para os efeitos especiais? 

R: Um diretor tem de planejar todas as tomadas, fazer os story boards... Todo mundo sabe que Alfred Hitchcock era um mestre nisso. É preciso ter uma noção perfeita de continuidade, do roteiro e saber manejar os atores. Num filme tão cheio de efeitos como O Máskara, isso sempre é um quebra-cabeças. Não tinha dinheiro para fazer várias tomadas de uma cena e tive de ser muito organizado. Foi criativo e deu certo. Me diverti fazendo o filme. Mesmo com toda a organização, tive de cortar (por causa da duração de O Máskara) um prólogo, o qual o navegador viking Leif Erikson chega à América para se livrar da máscara, e um imediato dele diz: "Acho que o senhor descobriu um novo continente. Não quer dar um nome a ele?" Erikson responde: "Não, vamos voltar para casa correndo. Deixe isso para os italianos". 

P: Você co-escreveu ou escreveu todos os seus filmes. Por que não fez o mesmo em O Máskara?

R: Eu mexi em toda a história, criei novas situações, reescrevi o roteiro com Mike Werb, fiz improvisações durante a filmagem, que foram incluídas no roteiro, mas o Sindicato dos Roteiristas tem muitas restrições a respeito de diretores reescrevendo roteiros. Não me permitiram o crédito e eu aceitei a decisão. Para O Máskara 2 eu vou fazer o primeiro tratamento, anotações, e só depois escolherei um co-escritor. Terá mais números musicais, já que Jim carrey sabe daçar e cantar, com cores dos musicais dos anos 40 da Fox.

P: Tem outros projetos para depois do filme da Warner e da sequência de O Máskara? 

R: Tenho um roteiro pronto há quatro anos, chamado Neuromancer, baseado em um livro de William Gibson, mas será um filme caro. Tenho dois outros projetos, mas, como sempre quis faer um filme que fosse visto pelo mundo todo, estou curtindo o sucesso de O Máskara. Ter vindo ao Brasil foi algo muito especial para mim, pois acho que o filme, com suas cores, sua música, combina com esse país. 
P: E como explicar o sucesso universal do filme? 

R: Nós todos somos reprimidos etemos paixões. É muito difícil realizar todos os nossos sonhos. Todo mundo se identifica com o personagem Stanley Ipkiss, feito por Carrey, porque ele é um homem que faz o melhor, quer ser só uma boa pessoa, é tímido, não consegue se comunicar com as mulheres. Muita gente acha que Jim Carrey é um novo Jerry Lewis, mas acho que ele tem muito de Danny Kaye quando interpretava personagens do tipo que fez no filme O Homem de Oito Vidas* (The Secret Life of Walter Mitty).
*Notas Curiosas: O Homem de Oito Vidas (1947) é adaptado de um conto de 1939 por James Thurber. Também ganhou uma nova adaptação estrelada por Ben Stiller com o mesmo nome do romance traduzido aqui no Brasil, A Vida Secreta de Walter Mitty (2013). 

FICHA TÉCNICA
TÍTULO ORIGINAL: The Mask
Data de Lançamento: 29 de Julho de 1994 (Cinemas Americanos); 28 de Junho de 1995 (VHS no Brasil)
Sessão Acompanhada: Barrashopping - Dublado (Provável data: ?/12/1994); DVD - Legendado - (29/12/2013)
Duração: 101 Minutos
Gênero: Comédia
Direção: Chuck Russell
País: E.U.A.

Sinopse Oficial (DVD)Fenômeno mundial de bilheteria, estrelado pela maior revelaçãoda comédia americana, o ator Jim Carrey, e por uma das mais belas modelos do mundo, Cameron Diaz, "O Máskara" é um show de efeitos especiais. É indescritível. Irresistível. Inesquecível! Imagine um sujeito bobalhão e desastrado. Agora multiplique por mil. Este é Stanley Ipkiss, um pacato bancário que é passado para trás por todo mundo. Um belo dia (na verdade era noite), Stanley encontra uma misteriosa máscara boiando em um rio. Ao colocá-la, transforma-se em um fantástico super-herói dotado de poderes tão incríveis que surpreenderia os mais malucos personagens de desenho animado! Agora como "O Máskara", Stanley torna-se esperto, ágil, romântico,terrivelmente engraçado e completamente louco! Você vai se encantar e morrer de rir com "O Máskara", um filme para todas as idades e pessoas, normais ou não!

Agradecimentos Especiais
Sites Wikipédia & Comic Vine (Pelas evidências que ajudaram a montar o Extra Filme x Quadrinhos)
Blog Quadrinhos Inglórios (por disponibilizar os quadrinhos traduzidos, as fontes e imortalizar essa origem pouco conhecida)

UM FELIZ 2014 PARA TODOS, COM MUITO AMOR E SAÚDE!!!
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