Aguardada releitura do quarteto com a assinatura da Marvel Studios. Ainda que prometendo ser uma história isolada, a conexão com o UCM era inevitável e essencial, apesar das quedas de interesse do grande público com este tipo de subgênero.
A conexão familiar é bem evidente e bem apresentada pelas divulgações comerciais. Sendo assim, é parte de uma campanha honesta, entregando tudo e mais um pouco.
Mesmo a figurinha carimbada, Pedro Pascal representa Reed Richards com extrema sutileza e, pelo enredo, demonstra humanidade na figura do personagem, partindo da premissa que, ainda que um super gênio, existem inseguranças que o tornam um personagem bastante próximo daqueles que acreditam que um gênio pode ser especialista incorrigível em todas as coisas - quebrando paradigmas de uma vitrine virtual tão moldada pelas redes sociais. No entanto, a intenção dos super-heróis da cultura pop foi sempre conceder ao público uma mão para aceitarmos também os nossos pontos negativos que, dentro do sutil roteiro, da parte de Richards deixa isso claro.
Ainda temos um simpático Tocha-Humana/ Johnny Storm (Joseph Quinn) com aqueles atributos familiares do personagem, mais enfatizado pelos diálogos.
Bem Grimm/ O Coisa encarnado por Ebon Moss-Bacharach tem uma adição curiosa que os entusiastas do badalado clássico de 2005 irão estranhar. Mas, para o bem: o personagem é mais fiel ao original dos quadrinhos, mais confiante e destaca-se como o alívio cômico sutil da projeção.
Vanessa Kirby já era esperado, desde o início, seu destaque como a Mulher-Invisível/ Sue Storm. Também esbanjando graça e um brilho especial por aqui - não só na maquiagem como também na maneira em como se destaca.
Julia Garner (Shalla-Bal), foi muito perseguida e criticada nas redes sociais por sua escalação como Surfista Prateada e caindo nos canais e perfis de fofoca como um instrumento de uma nova geração da cultura do cancelamento - o já conhecido movimento político e social que tanto divide pessoas virtualmente, desde 2013, usando agora a cultura pop como arma. No entanto, quem realmente vai assistir (e não ficar desperdiçando ingresso no celular a sessão inteira), vai aceitar e compreender profundamente a missão da personagem que é muito bem construída, embora nem todos possam aceitar o seu tempo de tela - por ser um filme de origem, ela nos dá uma palinha e aguardamos pelos seus próximos capítulos da Marvel. Talvez, a melhor personagem ao lado de Sue Storm na trama.
Encarnado na pele de Ralph Ineson, o imponente Galactus também não faz feio e é uma boa adição de ameaça com suas falas de efeito: "-Eu vou comer o seu planeta bem devagarinho". Quase um Thanos 1.5, mas que o roteiro tenta pegar um pouco mais leve já que se trata de uma projeção de entrada para essa nova geração. E, cá pra nós, mesmo que tenha pegado de leve, é absurda e infinitamente melhor do que a presença do já esquecido Kang em Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania. Quarteto Fantástico é claramente um produto que se antecipou rapidamente, fruto dessa rápida nova conexão.
E o cenário construído pela narrativa, em que os personagens se ambientam - pode não parecer uma fórmula certa de sucesso, mas, ainda assim, chama atenção e faz sentido quanto a uma forma de contar uma nova direção para o UCM. A essência futurista ambientada nos anos 60 ou uma visão alternativa dele chega a ser interessante, uma vez que a cada década durante o século XX obras costumavam ver o futuro nos anos 2000 com as tecnologias que costumamos ver nas artes ou nas histórias de ficção. A projeção é de 2025 e tudo isso soa como uma nostalgia apaixonada.
Nesse resgate futurista vemos robôs que usam fitas cassetes como leitores e até dispositivos de armazenamento como disquetes (ou pen-drives ou qualquer outro dispositivo dependendo do ano, ou década que você assistir) substituídos por discos de vinil.
Vale também levar em conta a belíssima trilha sonora que mistura mistério e aventura, no capricho, por Michael Giacchino. Primeiros Passos, ainda que também sutil, coloca os personagens transcendendo o espaço terrestre para encarar uma ameaça espacial - o que levemente nos faz lembrar do cancelado filme de 94 que nunca chegou a ir para os cinemas e que, de alguma forma, continua sendo a adaptação mais fiel quanto à expedição e aventura espacial já que, num corte de custos, a ação da versão UCM é centrada, como sempre, na cidade - especialmente em Nova Iorque (sim, você já viu algo familiar antes).
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