Elas mandam.
Aqui, iremos embarcar através de 10 aventuras protagonizadas por garotas, mas que só agrada marmanjo.
A verdade é que, além da estética feminina em cada uma dessas obras, havia elementos convidativos às audiências fora de seu nicho - pelo menos, fora de seus países de origem. Tinha a fantasia, tramas familiares e, por vezes, uma exploração aos corpos esculturais de forma artística - seja na forma de balé ou na graciosidade dos movimentos. Apesar de tudo, há toda uma celebração pela beleza da moda. Os brutos também amam, apreciam cultura e se divertem com o humor sensível e inocente destas atrações mais leves - em comparação a testosterona padrão das séries de ação.
SAILOR MOON
美少女戦士セーラームーン Bishōjo Senshi Sērā Mūn, 1992
Cá para nós, essa aqui dispensa apresentações. Além dos desenhos ocidentais, havia também o estilo shoujo - um gênero de animação japonesa dedicado às pequeninas. Porém, não foi o que aconteceu com Sailor Moon.
O conto de Serena e as amigas da cavaleiras da lua, veio ao Brasil em 96 pela Rede Manchete de televisão. Eembora não superasse o fenômeno de Os Cavaleiros do Zodíaco, foi um tremendo sucesso. A ideia era atrair as meninas para o horário nobre. Porém, suas reprises resultaram em fracassos contínuos até a direção-geral solicitar a remoção das heroínas da programação. Em breve relato ao nosso Perdido.doc, Eduardo Miranda - o eterno chefe da divisão de cinema da Rede Manchete - após o fatídico cancelamento, por um lado, a emissora recebeu uma enxurrada de 6 mil cartas de um fã-clube paulista apaixonado. Pelo outro, mais outras milhares com protestos dos cariocas pela retirada da atração do ar. E para a surpresa do nosso Pai dos Animes do Brasil, as ameaças eram em sua esmagadora maioria de uma legião só de pequenos marmanjos - muitos da geração Jaspion, Changeman e do próprio Cavaleiros. No fim dessa história, o próprio Edu teve que se esconder de alguns desses 6 mil fãs em um evento em SP.
Há casos parecidos, com base nesses movimentos gerados por fãs e até piores, quando o ícone tem que ser levado do local escoltado por seguranças. Questionamos todo esse acontecimento, numa época pioneira e estruturalmente mais amadora em que os staffs tinham que ser o próprio para-choque nas convenções de quadrinhos. Enfim, segunda metade dos anos 90 e já podemos observar que ali - através de simples cartas - já estava se formando o lado mais sombrio das acaloradas tribos da cultura pop japonesa que conhecemos hoje como O T A K U.
Afinal, a ficção imita a realidade. Embora menos complexos que os estereótipos do nosso mundo, a luta entre heróis e vilões não é só fantasia, mas sim um refúgio em forma conto. É nessas animações que vemos que nem tudo é amor, tem ódio também. Não, não é só uma mera viagem, a luta do bem contra o mal é muito sobre o mundo, algo que muitos desses espectadores preferem se identificar mais com os vilões, com a parte do passatempo, por acharem mais divertido, apenas uma distração momentanea, e não conseguem captar realmente a essência desses avisos através das verdadeiras e boas mensagens dessas aventuras.
Adaptação do mangá de Naoko Takeuchi, o sucesso de Sailor Moon rendeu muitas inspirações para a cultura pop, novas séries, longa metragens, produtos e novas versões - até mesmo uma refilmagem bem obscura de 94, estilo desenho americano, descoberto recentemente pela Youtuber Ray Mona.
Sailor Moon foi originalmente exibido entre 1992 e 93, no Japão, em um total de 46 episódios.
No Brasil, estreou em 27 de abril de 1996 com distribuição da Alien International (a mesma de Dragon Ball, que estreava naquele mesmo ano no SBT) com Marli Bortoletto na voz de Serena/ Sailor Moon, direção de Gilberto Baroli (a icônica voz do Saga de Gêmeos) e estúdio de dublagem Gota Mágica (São Paulo).
GRAU DE MASCULINIDADE: MÉDIO
SHE-RA
SHE-RA: THE PRINCESS OF POWER, 1985
Ela surgiu como uma mera coadjuvante, mas uma coadjuvante de presença tão forte que ganhou a sua própria série de TV.
Originalmente proveniente de uma série de brinquedos da Hasbro - misturando elementos icônicos da cultura pop: entre o universo Conan: O Bárbaro com Arnold Schwarzenegger e Guerra nas Estrelas de George Lucas (antes de assumir o título universal de Star Wars).
Podemos dizer que She-Ra é a mãe de Sailor Moon - a cultura pop japonesa sempre foi muito inspirada na cultura pop americana (sempre buscando um perfeccionismo superior).
Ciente de que havia um cenário de super-heróis dos quadrinhos tendo também super-heroínas como uma versão feminina das versões masculinas de sucesso, He-Man e Os Mestres do Universo ganhava She-Ra: A Princesa do Poder, que se revelava como a irmã perdida do icônico protagonista da série de 1985.
A origem de She-Ra veio em um minigibi de 1984 intitulado "The Story of She-Ra" que, posteriormente, foi distribuída junto a sua boneca de coleção. Porém, sua estreia na tela veio em O Segredo da Espada Mágica, o primeiro longa-metragem da série animada He-Man.
She-Ra: A Princesa do Poder, durou duas temporadas, sendo exibida entre 1985 e 1986 num total de 96 episódios.
Derivado de He-Man, teve produção no mesmo estúdio, a Filmation. Anterior a She-Ra, He-Man e os Mestres do Universo, se iniciou em 83 e foi até 85 com um total de 2 temporadas em 130 episódios. Um derivado, especial de Natal, seria consideravelmente o longa-metragem de despedida do príncipe de Eternia com o seu nome no título até aquele momento.
No Brasil, She-Ra teve dublagem pela Hebert Richers (a mesma de He-Man) com Fátima Mourão e direção de Ângela Bonatti. Estreou em 30 de junho de 1986 no Xou da Xuxa. Retornou na década de 1990 na TV Colosso e Xuxa Park É Atualmente exibido pelo canal Gloob e pelo serviço de streaming, Netflix.
O mais curioso é que no decorrer dos anos foi questionado se She-Ra era, no entanto, um símbolo pioneiro de personagem para o movimento LGBT. Isso acabou se solidificando em novas adaptações posteriores na segunda metade da década de 2010, trazendo essa questão de forma concreta a fim de tentar fazer a personagem se espelhar num movimento atual.
GRAU DE MASCULINIDADE: ALTO
美少女仮面ポワトリン Bishōjo Kamen Powatorin, 1990
Estamos falando de Patrine.
Em meio aos seriados de super-herói japoneses liderados pelo sucesso de Jaspion e Changeman, a Rede Manchete faz sua aposta pioneira no gênero para o público feminino. O empresário, Toshihiko Egashira, responsável por trazer os seriados japoneses ao conhecimento do público, trouxe Patrine aos brasileiros a fim de atrair as garotas. A série, injustamente, fracassou na audiência e brinquedos que estavam moldados para distribuição precisaram ser descartados e destruídos por completo. Caso contrário, seria um custo muito alto para distribuição, uma vez que a série não obteve o alcance esperado.
Patrine faz parte de uma legião de séries especiais ao lado de obras como Machineman e Bicrossers. Produção da Toei de 1990 com 52 episódios, do mesmo criador de Blackman, Shotaro Ishinomori. Mas diferente da sua icônica e sombria série de ficção-científica Kamen Rider, Patrine reúne ação e comédia com toques de magia.
4 anos após sua estreia no Japão, em 7 de janeiro de 1990, Patrine foi anunciado para abril de 1994 dentro do Clube da Criança com Milla Christie sendo adiado para a segunda metade do mês seguinte e estreando junto com Winspector no programa Dudalegria.
No Brasil, teve dublagem pela Windstar com direção de Emerson Camargo e Marli Bortoletto na voz de Sayuri/ Patrine (a mesma de Serena/ Sailor Moon).
Sua estreia veio em um período de declínio dos super-heróis japoneses na televisão brasileira. Talvez, a saturação do gênero tenha atrapalhado a atenção de Patrine - também ofuscada com o sucesso de Os Cavaleiros do Zodíaco, uma série animada que se tornava novidade a continuidade de uma trama de drama para audiências infantis mais profunda em meio a jornada dos heróis levando em consideração também a astrologia como um tema envolvente e bem popular, tudo dentro de uma série de animação recorrente de aproximadamente 30 minutos - aquele cenário cinematográfico na tv desde o fenômeno Disney que marcava aquela audiência em sua segunda era de ouro, era fascinante. Era a perda da inocência dos super-heróis da tv.
Yuko Hanashima - identificada de nome real Akagi Yue (sobrenome antigo: Hanajima) - é a interprete original da heroína. De signo de Virgem, tipo sanguíneo A, nasceu em Inashiki, Ibaraki, Japão em 17 de setembro de 1972. Em 89, ela já tinha se destacado como uma terceira integrante de um grupo de cantores quando estava apenas no ensino médio. Com apenas 18 anos, ela estrelou Patrine e se lançou como cantora no mesmo ano. Em entrevista, Yuko alega que seu maior passatempo é ler quadrinhos, além de ter trabalhos de grande destaque em revistas.
Outro feito brilhante de Patrine é a sua forte influência para a criação de Sailor Moon.
Apesar da sensibilidade e simplicidade de Patrine, o cancelamento da atração é sentida por muitos marmanjos que costumam se manifestar nas redes sociais se recordando da pequena estrela cintilante.
No lançamento em VHS, Patrine tinha o subtítulo de "A Nova Rainha dos Baixinhos" fazendo uma clara tirada com a Xuxa.
GRAU DE MASCULINIDADE: MÉDIO
No começo do ano 2000, em meio a febre Pokémon na Rede Record, o Cartoon Network investe pesado numa campanha dedicada aos fãs de animação japonesa com a programação Toonami.
Entre a chegada de outros animês que até então foram exibidos na Rede Globo, SBT e Rede Manchete, Sakura Card Captors foi a grande surpresa desse pacote. O sucesso no Japão era novidade no Brasil e só veio chegar na tv aberta no ano seguinte, em 2001, na TV Globinho, a icônica atração matinal da Rede Globo.
Esta é mais uma produção adaptada dos mangás do grupo C L A M P, um estúdio composto por um quarteto femino de artistas japonesas desde a década de 80. Também de gênero shoujo, as aventuras da pequena Sakura atraiu até mesmo jovens cinéfilos e críticos de cinema. Isso mesmo, estudantes universitários da sétima arte que se declararam imediatamente fã de anime e mangá depois de ter assistido ao seriado. Sua leveza, junto a exploração das relações humanas e toda uma atmosfera que nos remete a um cenário de mágica e técnicas de magos super habilidosos, trouxe um significado histórico para uma comunidade tão diferente, uma nova geração mais sensível e dedicada a enredos dramáticos de fantasia. Dificilmente, se vê algum marmanjo falando mal de Sakura Card Captors depois que assiste, chega a parecer apenas um mito das cartas.
Na dublagem brasileira, Card Captors teve duas mulheres na direção em suas duas primeiras versões de exibição, são elas: Denise Simonetto (BKS) e Patrícia Scalvi (Imagine Sound Thinking).
Anos após a sua exibição original, Sakura voltou a sua emissora de origem (NHK) com exibições às 00:00, meio-dia por lá em meados de 2006 e que podia ser conferida na DirecTV aqui no Brasil.
As aventuras da pequena caçadora de cartas contaram com 70 episódios, 2 filmes e uma continuação com 22 episódios. Curiosamente, o segundo filme é canônico - se passa após a terceira temporada - sendo assim considerado o capítulo final da série.
GRAU DE MASCULINIDADE: BAIXO
Em 1996, o SBT ganhava a sua Sailor Moon. Rayearth chegava de surpresa nas manhãs de domingo. Precedido pelo sucesso de Os Cavaleiros do Zodíaco e Sailor Moon da Manchete, o ritmo era ainda mais frenetico.
Na sinopse: Lucy, Marine e Anne são três adolescentes que se conhecem numa viagem de estudo na Torre de Tóquio. Mas um acontecimento inesperado transporta-as para um mundo mágico chamado Zephir pelo feiticeiro Gurú Clef. Lá, elas devem resgatar a Princesa Esmeralda, raptada pelo malvado Zagard. Com a ajuda de Mokona, uma criatura mágica, elas são transformadas em incríveis guerreiras mágicas. Assim, com o apoio do feiticeiro Gurú Clef e dos amigos que vão encontrar na sua viagem, elas vão enfrentar vários desafios e inimigos para proteger Zephir e salvar a princesa.
Dublagem da Gota Mágica (Dragon Ball, Cavaleiros), série de 49 episódios e duas temporadas. Originalmente, exibida entre 1994 e 1995, a série chegou ao Brasil em 5 de maio de 96 e encerrou a sua passagem no SBT em 98 com exibições no programa Bom Dia & Cia com Eliana.
A atração recebeu divulgações promocionais na televisão e produtos no Brasil. Entre elas, produtos visando o público feminino (como a caixa registradora) e uma apresentação especial no Programa da Hebe com atrizes vestidas para promover o CD nacional da série.
As canções são consideradas como o melhor trabalho musical em solo brasileira de uma animação japonesa e a campanha para o CD foi muito forte. Conta com Larissa Tassi (sim, a mesma que acompanhava William no vocal do segundo tema de Cavaleiros na Manchete), Sara Regina, Fabíola Pires, Fátima Regina, Marize Rezende, Silmara Rezende, Nair de Candia, Cláudia Ferrete, Cristiane Firmo e Karina de Freitas.
A produção tem um tom de ritmo frenético se comparado a desenhos ocidentais, isso porque a realização fica a cargo da TMS (Tokyo Movie Shinsha), que já trabalhou com a DiC e na criação de animações como Batman Volume 2, Homem-Aranha (1994) e Tiny Toon.
Embora não pareça, é curioso que essa foi mais uma produção que veio dos mangás do grupo CLAMP (Sailor Moon e Sakura Card Captors) que deixou muitos marmanjos em lágrimas por muitos e muitos anos.
GRAU DE MASCULINIDADE: ALTO
Para o espanto de muitos, ela não veio dos E.U.A. a expectatativa dos criadores era que a série agradasse apenas o público feminino. E para a felicidade do gênero, a série dividiu a preferência: 50% homens e 50% mulheres.
No original, Totally Spies!, Três Espiãs Demais! é uma série animada da França. Isso mesmo. Misutrando diversos gêneros, entre comédia, ação, suspense e ficção científica - nos melhores moldes de James Bond - a história acompanha um trio de adolescentes de Beverly Hills que dividem a sua vida de estudante colegiais do ensino médio e agente secreta.
Além do traço, a narrativa é bem inspirada nos desenhos japoneses. Diferente de outras produções animadas, no decorrer da história, as personagens crescem com o decorrer das temporadas. Com traço e narrativa dramática inspirada nos desenhos japoneses, a produção (embora francesa) se confunde com o de um anime americano - quando os personagens vivem um cotidiano e se mostram com problemas de vida bastante reais - entrando na categoria popular batizada como pseudoanimes. A série estreou em 2002 na FOX KIDS, depois partiu como uma das atrações mais populares da eterna TV Globinho ao lado de Bob Sponja em 2002.
No Brasil, a série foi migrada para o TV Xuxa em 2010 - de segunda a sábado - e depois retornou à programação entre 7 de Janeiro de 2012 a 29 de Junho de 2013 durante os sábados - ainda nessa fase derradeira da TV Globinho, em seus últimos anos, Três Espiãs Demais! era possível ser visto durante a semana antes do meio-dia.
A série durou um total de 156 episódios e 6 temporadas - entre 2001 e 2014 - até ser cancelada.
Ganhou um derivado Os Incríveis Espiões, que durou entre 2009 e 2012.
GRAU DE MASCULINIDADE: MÉDIO
Diferente do que se pensa, este shoujo, em comparação às outras séries citadas, não é da Clamp e sim da Toei. Estreou em 2006 no Brasil. Mas a sua exibição mais popular é nas madrugadas do Cartoon Network - sua canção de encerramento acabava sendo tão marcante quanto a da abertura.
Sua autora, Tomoko Konparu, trabalhava com música clássica. Apreciadora do interior do Havaí e de Taiwan, gosta de cinema, teatro e adora musicais. Esse sentimento é claramente transparente em Ashita no Nadja, que, assim como muitas produções, se originou nos mangás, no ano de 2003, até virar série animada nas mãos do diretor Takuya Igarashi.
Pelas redes sociais, é possível encontrar marmajos emocionados com as lembranças de Nadja. Essa animação é uma das mais belas já produzidas - envolvendo elementos artísticos e sensibilidade com drama, romance, aventura e comédia. Elementos mágicos ficam em segundo plano. Uma prova de que uma boa história de garota pode render temas profundos sem precisar, necessáriamente, envolver elementos irreais como o ponto primordial. A fantasia é embelezada pela estética e do estilo de movimento cinematográfico usado na animação.
Talvez por esse tom mais minimalista para um desenho, as redes de transmissões no Brasil tenham estranhado o produto (lido como uma novela animada) e acabaram condenando Nadja para um horário bem mais seletivo e menos popular.
Ashita no Nadja foi dublado na Álamo, com direção de Élcio Sodré, e teve ao todo 50 episódios. O Cartoon Network exibiu os primeiros 21 episódios no período da tarde, começando em 4 de Fevereiro de 2006 às 13:30, até trocar para o horário da madrugada recomeçando do início.
Em 2017, a série ganhou uma continuação acompanhando Nadja, agora, com 16 anos numa novela intitulada Ashita no Nadja: 16-sai no Tabidachi (Nadja: uma jornada aos 16 anos).
GRAU DE MASCULINIDADE: BAIXO
Essa série parece interminável mas ela possui apenas 13 episódios. Chegou ao Brasil como forma de complementar a programação do SBT aos domingos em 24 de Janeiro de 1988. Na falta do Programa Silvio Santos, tinhamos o curioso Cavalo de Fogo - com um melancólico tema de abertura.
Para a surpresa de muitos, esse desenho é do íconico Hanna-Barbera. Conceitualmente, ele seria bem diferente no inicío até a sua versão final que popularmente conhecemos.
Misturando aventura, drama, fantasia e ficção-científica, o conto segue as aventuras da pequena e destemida Sara, uma garota de 13 anos, descobre que é herdeira de um reino encantado. Quando nasceu, foi salva do ataque de uma bruxa por um cavalo mágico e falante, após o falecimento de sua mãe, a rainha do reino. Dez anos se passaram, e o Cavalo de Fogo vem ao seu encontro - desde quando a deixou sob segurança no interior do Oeste Americano - e agora, tendo conhecimento de que é a princesa de Dar-Shan (o reino imaginário), Sara, acompanhada de seu medalhão mágico, é transportada pelo místico cavalo a uma outra dimensão para descobrir o que aconteceu com o reino desde sua partida e encarar a bruxa Lady Diabolyn. Sara, no entanto, encontra aliados que podem impedir a sua tia-avó que considerou a mãe de Sara indigna para liderar o reino.
Com um enredo complexo para uma animação tradicional e toque feminino, buscando seguir um conto de fadas estilo Disney, Cavalo de Fogo é considerado uma animação para amantes de cavalos e se tornou cultuado também entre os marmanjos.
GRAU DE MASCULINIDADE: MÉDIO
Marmanjos, que aderiram o meme do Cillian Murphy em Peaky Blinders: cavalheiros em bando indo assistir Barbie em 2023 sem perder a graça e a elegância, acreditavam que iriam assistir no cinema uma versão refilmada de Barbie: Estrelha do Rock de 1987. O que não foi bem assim na verdade.
O filme de 23 era para mulheres que um dia foram garotas e cresceram com a Barbie, assim como também uma mensagem mais profunda para a relação entre homens e mulheres e a representatividade - um manifesto pela libertação da submissão em várias camadas ou um alerta disso. Era uma visão amadurecida e menos infantil da boneca - embora tenham momentos divertidos para as pequenas garotas menores de 12 anos (faixa etária do último filme).
A busca pela mensagem da personagem, tem uma história escondida através da sua campanha: a pioneira conscientização humana sobre o empoderamento feminino a frente. Barbie é um dos principais símbolos do protagonismo feminino na cultura pop - a exemplo de Madonna na música, por exemplo, Barbie é nos brinquedos há mais tempo. A popularidade de Barbie nos anos 80 se equiparava ao de uma estrela do rock. E então tivemos esse primeiro longa metragem, cheia de cores, ótimas animações e muita música.
A DiC Entertainment é especialista em adaptações animadas de grandes ícones da cultura pop, tanto dos brinquedos quanto dos videogames, como é o caso de As Aventuras de Sonic the Hedgehog em 1993.
Em parceria com a Saban (Power Rangers), DiC é a criadora do especial Barbie, seu primeiro filme para a TV, com apenas 30 minutos de duração. Era para ser o piloto de uma série de animação da Barbie numa parceria entre a DiC e a Mattel embora as negociações acabaram não indo para frente. A ideia veio a se revigorar posteriormente, pela DiC, com Maxie's World.
Embora uma série animada de Barbie - que precederia A Estrela do Rock - tivesse sido eternamente engavetada, a personagem ressurgiu em uma série, desta vez, nos quadrinhos Marvel durante a década de 90. Haviam duas séries, uma delas ela é canônica (entre 1991 e 1997) e a outra é um derivado (entre 1991 e 1996): Marvel's Barbie e Barbie Fashion. Em uma dessas histórias, retrata Barbie representando uma banda entre outras de suas habilidades populares.
Até mesmo nos quadrinhos Marvel, o conceito ia além de simples fofura - para se concentrar num nicho comercial mais restrito - considerando a experiência dos artistas em construir narrativas sobre a vida artística de Barbie e a sua relação sólida com a cultura pop como uma pessoa real e ícone para todas as idades e gêneros.
Adaptação para os videogames: nas páginas da revista, também vemos que Barbie investe na carreira de modelo - tema que acabou virando videogame para os 16 Bits 2 anos após o lançamento dos quadrinhos Marvel com Barbie Super Model e uma sequência em 94.
GRAU DE MASCULINIDADE: BAIXO
Podemos dizer que Jem nasceu como a arma ideal da Hasbro para combater o reinado de Barbie.
A série gira em torno de Jerrica Benton, a proprietária e gerente da Starlight Music, e seu alter-ego Jem, vocalista do grupo de rock As Hologramas. Jerrica adota a persona de Jem com a ajuda de um computador holográfico, conhecido como Synergy, que foi construído pelo pai de Jerrica para ser "o melhor sintetizador de entretenimento audiovisual" e é herdado a ela após sua morte. Jerrica é capaz de comandar Synergy para projetar o holograma de Jem sobre si mesma por meio dos micro-projetores remotos em seus brincos, disfarçando assim suas feições e roupas, permitindo-lhe assumir a persona Jem. Jem, através do uso de seus brincos, também é capaz de projetar hologramas ao seu redor e usa essa habilidade ao longo da série para evitar o perigo e fornecer efeitos especiais para as performances de seu grupo.
Os episódios da série frequentemente giram em torno dos esforços de Jerrica para manter suas duas identidades separadas, proteger Synergy daqueles que poderiam explorar a tecnologia holográfica e apoiar as doze crianças adotivas conhecidas como Starlight Girls que vivem com ela e os Hologramas. Os Misfits frequentemente tentam melhorar os esforços de Jem e dos Hologramas, muitas vezes quase resultando em danos físicos aos membros do grupo. Essa rivalidade é incentivada e manipulada por seu empresário e vilão central da série, Eric Raymond, o ex-meio-proprietário da Starlight Music que dirige a Misfits Music (mais tarde Stinger Sound) enquanto trabalha com o pai de Pizzazz, Harvey Gabor.
Numa produção junto a Marvel e dos mesmos realizadores de Comandos em Ação e Transformers (Sunbow Productions), os produtores acreditavam, no entanto, que seria o momento de escalar Christy Marx - roteirista para os seriados de sucesso - numa aventura voltada para as garotas.
A produção também ficou a cargo da Toei Company, envolvida na realização da animação em mais uma curiosa colaboração para desenhos fora do Japão.
Desde sua exibição, no mês das crianças em 1985, até maio de 88, foram 65 episódios e 3 temporadas.
A curiosa estreia de Jem e As Hologramas na televisão brasileira ocorreu no programa noturno Carrossel do SBT (logo após o fim da exibição original da série) Logo depois, pode ser conferido nos programas da Mariane (1990-1991, de segunda a sexta-feira) e Mara Maravilha (Show Maravilha, 1992-1993). Após isso, a exibição do desenho no Brasil retornaria na TV paga.
Entre 1996 e 2001, o canal ZAZ exibiu Jem. ZAZ, originalmente fundada em 1991, encerrou suas atividades em 2012. Era uma emissora mexicana com atrações diversas ao público infantil e adolescente, parte da programação DirecTV, que também transmitiu Cybernet, um programa de videogames britânico e Chiquititas II, sequência da novela mexicana de sucesso que ganhou versão brasileira pelo SBT.
Após anos fora da programação da tv aberta, a Fox Kids (1990-2002) trouxe uma versão redublada num copilado de 5 episódios com a abertura em inglês. Os motivos são desconhecidos mas, provavelmente, a emissora não havia mais direitos sobre a primeira dublagem e decidiram redublar.
Na versão do SBT, a dublagem ficou a cargo da Mastersound, com Denise Simoneto na voz de Jem.
A última aparição de Jem e As Hologramas na televisão no entanto, foi no programa Falando Francamente com Sonia Abrão, mostrando 5 minutos com várias cenas do desenho, incluindo sua abertura, em um quadro do programa intitulado "SBT 21 Anos".
Após o sucesso de Jem, a Mattel se sentiu inspirada em trazer a linha Barbie e os Roqueiros (que resultou no filme piloto para uma série futura não realizada) para concorrer com a Hasbro. No entanto, a proposta saturou para ambas as partes e o fracasso fez com que a Hasbro encerrasse a linha de brinquedos no final de 87.
GRAU DE MASCULINIDADE: MÉDIO
O QUE APRENDEMOS
Por fim, vale dizer, da mesma forma que podemos nos surpreender com uma audiência masculina que abraça conteúdos mais leves (como, também relaxar com o desfile de cores), curiosamente, tem um público feminino escondido atraídas pela adrenalina das tramas de gênero voltado para o público masculino - ao contrário do shoujo na cultura pop japonesa dos mangás e animês, temos o shonen, voltado para os adolescentes.
O que aprendemos com a celebração feminina através dessas produções é que histórias com elas no protagonismo podem nos mostrar uma profunda e complexa visão humana - bastante delicada e sensível - sobre nós mesmos.
Agradecimentos especiais:
Eduardo Miranda
MEDIDORES DE MASCULINIDADE:
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