quarta-feira, 10 de setembro de 2014

[Sessão Crítica 2 em 1] Pulp Fiction: Tempo de Violência (Por: Mestre Ryu & Danielle Salim)

 NESTA POSTAGEM
SESSÃO CRÍTICA 2 EM 1

PULP FICTION: TEMPO DE VIOLÊNCIA 
'CULT' PODE TAMBÉM SER 'POP'
(Por: Mestre Ryu Kanzuki)
CULT, POP & INDIE: 20 ANOS DE 'PULP FICTION'
(Por: Danielle Salim)

EXTRAS

FICHA TÉCNICA


SOBRE ESTA PUBLICAÇÃO
Análise Ex por Mestre Ryu Kanzuki com Participação especial de Danielle Salim ilustre responsável pelas páginas Ualt Disnei (co-criadora), Trilha dos Filmes e do blog Desconstruindo Mad (Criadora)





---SESSÃO CRÍTICA  2 EM 1---
PULP FICTION: TEMPO DE VIOLÊNCIA

'CULT' PODE 
TAMBÉM SER 'POP'
( Por: Mestre Ryu Kanzuki )

Desde sua pré-estreia em Cannes, Pulp Fiction chocou e encantou plateias e críticos. A obra realizou o desejo de seu criador: Quentin Tarantino. "...Eu faço filmes que as dividem" assim conclui o diretor. 

Eu, nos meus 10/ 11 anos de idade e mesmo não conhecendo muito sobre alguns grande nomes das décadas de 80 e 70, me sentia curioso com aquele elenco estelar na capa do VHS: John Travolta (Vicent Vega), Samuel L. Jackson (Jules Winnfield), Uma Thurman (Mia Wallace), Bruce Willis (Butch Coolidge), Harvey Keitel (Winston Wolf), Ving Rhames (Marsellus Wallace), Tim Roth (Pumpkin), Amanda Plummer (Yolanda/ Honey Bunny), ChristopherWalken (Capitão Koons), Eric Stolz (Lance) e Rosanna Arquette (Jody). Ufa! Sim! Um elenco que se pode dizer: estelar com todas as forças. 
Entre nomes que se tornariam uma revelação (eu disse.. Uma.. Thurman? Isso virou até brincadeira por parte de David Latterman quando apresentou o Oscar 95), haviam também astros que algum dia almejaram sucessos e naquele período estavam em decadência (John Travolta e Bruce Willis que o digam). 

É difícil categorizar Pulp Fiction em um único gênero. Quentin Tarantino é polêmico como sua obra, e como um bom ex-dono de uma locadora de filmes, ele certamente conhece gêneros e simplesmente condena arduamente quem o categoriza como um filme de Drama. Por se tratar de uma série de eventos envolvendo cotidiano, Pulp Fiction envolve romance policial, humor negro, um pouco de ação e algum suspense. Por se tratar de uma série de elementos inevitáveis em nossa vida, considero este um tipo sofisticado de drama. 

Como não se trata de um drama comum, sua narrativa envolve sucessivos diálogos que o sustentam de uma maneira bastante humana - nem sempre teatral. Ainda que por vezes se trate de elementos ficcionais dentro de sua personalidade cinematográfica, a genialidade como elas são encaixadas e desenvolvidas tornam os seus personagens ainda mais complexos em uma trama cheia de conteúdo para se discutir - sem contar também as referências à cultura pop.  

O gênero Faroeste envolve diversos temas e interações de cenário -  grande inspiração de Tarantino em suas obras - sem deixar de lado o drama (este que também é lido como um cotidiano dentro de algum evento histórico - ficcional ou não). O que Tarantino faz é atualizar esse tipo de gênero para os tempos modernos, alternando entre situações reais e ficcionais de maneira única.  

Como Vincent Vega, John Travolta (que amargurou fracassos após Olha Quem Está Falando em 1990) volta ao estrelato de maneira digna. Travolta retrata o seu personagem como assassino profissional com algumas "crises de ansiedade" (alguns cacoetes nas expressões próximas ao nariz) e ainda relembra os seus tempos de "Tony Manero" como dançarino. Samuel L. Jackson se revela como um intelectual parceiro de Vincent e é dono dos melhores (entre tantos outros) diálogos épicos do filme. Suas falas pseudo-religiosas (ao menos na realidade) chegam a ser tão convincentes que podemos acreditar que Jules poderia se tornar um legítimo testemunho de Jeová.

Se religiosidade é tratada de uma forma original na narrativa, nesse ponto, a relação entre Vega e Mia (Thurman) tem uma semelhança a passagem dos 10 Mandamentos referente a "Não Cobiçaras a Mulher do Próximo". Vincent, por lealdade ao chefão Marcellus (Rhames) precisa se guiar a risca, pelos ossos do ofício (ao menos, na imaginação, é difícil se distanciar dos sentimentos e dos desejos da carne). 

Mostrando a que veio ao público e os acomodando com um amontoado de situações verborrágicas, a trama ganha os seus momentos de adrenalina ao lidar com a situação do "Relógio de Ouro" de Butch (Willis). É aonde Pulp Fiction ganha as suas vestimentas do gênero Ação (como era distribuído desde os tempos de VHS nas locadoras).

Com um bem conduzido trabalho de aprofundamento dos personagens, mesmo aqueles em seus curtos momentos em tela ganham importância, a relação e a interação entre personagens é tão fascinante que situações aparentemente não importantes se encontram em um gancho de interesse. Como a tradução literal do 'Pulp', o espectador se envolve com a brilhante relação entre protagonistas de histórias distintas que se encontram em um mesmo filme - sem necessariamente criar uma série de eventos cinematográficos para isso. O trabalho ousado só é modesto apenas em seu final.

A narrativa é descrita como Não-Linear (característica marcada pelo clássico mor "Cidadão Kane"), algo pouco habitual e que se torna um elemento bem curioso a ponto de parecer confuso se passar despercebido na construção das histórias (escritas de forma distintas por Tarantino e co-roteirizado por Roger Avary) - aonde só o meio é aparentemente linear (com passagens regulares). 

Há uma inversão de situações para efeitos de fuga dos clichês, algo justo. Isso sem contar que nesse universo criativo, Tarantino se diverte com eventos cronológicos em seus trabalhos. Não é necessário assistir às outras obras do diretor para compreender Pulp Fiction, mas chega a ser fascinante pesquisar e relacionar esses cruzamentos. 

Ignorado por grandes distribuidoras (Columbia Tristar mandou um oi) e aceito por uma pequena e independente Miramax, foi vaiado e elogiado entre os espectadores (mais uma vez em Cannes) mas Tarantino encontrou o lugar justo ao sol para a sua criação de apenas U$$ 8 Milhões.

Pulp Fiction concorreu ao Oscar 95 em uma época onde a premiação ainda não costumava se aproximar de filmes independentes (a exceção começou em 2006, com Crash: No Limite). Perdeu a categoria de Melhor Filme para o sensível Forrest Gump: O Contador de Histórias (páreo duro) mas faturou o prêmio justo de Melhor Roteiro Original, o nosso Punho Dourado pelo Conjunto da Obra (roteiro, atores e direção, tudo muito bem redondo) e o status digníssimo de "Cult Pop", se tornando não só um exemplo influente para o cinema como também para outras mídias. Provando que filmes baratos podem ser sim cultuados, amados ou venerados como as grandes produções. 

A épica trilha sonora saiu comercialmente em duas versões: 'Music from the Motion Picture Pulp Fiction' lançada em 1994 e outra em 2002 como 'Pulp Fiction: Collector's Edition' em dois discos com 5 novas faixas entre elas uma entrevista com Quentin Tarantino. Curiosamente, Tarantino não utilizou faixas instrumentais exclusivas para o filme. Todas as músicas utilizadas são de clássicos perdidos entre os anos 60 e 70. O estilo 'surf music' cai muito bem como música tema, 
acrescentando mais substância ao personalizar a atmosfera sofisticada da narrativa.

A edição remasterizada exibida pelo "Clássicos Cinemark", em Junho, trouxe uma atualização visual impressionante para o estilo de fotografia com grãos reduzidos dos anos 50 originalmente filmada por Tarantino. As legendas substituem o subtítulo "Tempo de Violência" por "Tempos Violentos" e não traz o título 'Pulp Fiction'. Até aí tudo bem, o problema é que há alguns erros de tradução (ex: 'pra' virou 'prá'). As legendas também reduziram alguns palavrões, as descrições da carteira de Jules foram traduzidas como "Maldito Desgraçado"  da descrição original 'Bad Mutherfucker' (Filho da Puta Mal).


---SESSÃO CRÍTICA  2 EM 1--- PULP FICITON: TEMPO DE VIOLÊNCIA

CULT, POP & INDIE: 
20 ANOS DE 'PULP FICTION'
 (Por: Danielle Salim)


O primeiro filme de Tarantino que assisti foi "Um Drink no Inferno" dirigido por Robert Rodriguez. Tarantino foi responsável pelo roteiro e o filme também conta com sua presença como Richard Gecko. Foi amor à primeira vista. Eu tinha 8 anos e me sentia a namoradinha de um bandido estuprador que virou vampiro. Esse amor platônico desencadeou uma incrível sessão Tarantino, quando aprendi então a fazer uso da internet. Em 1992 Tarantino entrou no mundo do cinema com Cães de Aluguel, a entrada oficial mais incrível de um cineasta nos cinemas. Em 1994 veio com Pulp Fiction, assisti a este filme faz uns dois anos e até hoje estou sob o efeito causado pelo mesmo. Este ano comemoramos 20 anos de uma dos filmes mais aclamadas do cinema cult, Pulp Fiction, uma obra prima na carreira de Quentin Tarantino. 

Em Pulp Fiction, Taranta nos conta três histórias diferentes de seguimento não cronológico. E ainda assim não dificultando o acompanhamento delas. Ele consegue manter equilibrar emoção, drama e humor entre ligados entre cada personagem.

Após Honey Bunny e Pumpkin decidirem assaltar a lanchonete e os créditos iniciais se passarem ao som de "Misirlou" temos a primeira história  que tem como principal: Vincent Vega, interpretado por John Travolta, o bonitão foi encarregado pelo chefão (Marsellus Wallace) para levar sua mulher para se divertir, esta é a ordem. Em parceria com Jules Winnfield interpretado por Samuel L. Jackson, ambos estão para recuperar uma maleta que deveria pertencer ao seu chefe. E não seguindo habitualmente aquele climão tenso pré-ação dos filmes, Vincent e Jules seguem tranquilamente discutindo sobre o a missão de Vincent em Levar a mulher do chefe pra se divertir e o nível de intimidade que existe em massagear os pés de uma mulher. A segunda história já em desencaixe cronológico tem como personagem principal o Boxeador Butch, interpretado por Bruce Willis, que foi pago pelo chefe (aquele, o Marsellus) para perder uma luta. A terceira e última história é voltada para Jules Winnfield e sua decisão em deixar a vida bandida após um "milagre" e um acidente ocorrido no banco de trás do seu carro.

A primeira vez que vi o filme, estava dividido em duas partes, eu acabei assistindo a parte 2 antes da parte 1 e depois eu fui assistir novamente na ordem certa, ainda assim acabou sendo divertido, já que a própria história não segue a cronologia correta, embora sejam interligados. Tarantino em sua genialidade ilimitada nos presenteia não só com um belo roteiro, mas também com diálogos incríveis, sutis e peculiares. Cada palavra, cada frase conecta você ainda mais com as histórias e como de Tarantino, sempre com referências tanto às suas obras anteriores a esta como as que ainda estariam para estrear, de acordo com o Código Tarantino. Três personagens principais diferentes, um mesmo chefe. Este com certeza é uma das mais aprofundadas histórias do mundo mafioso e do tráfico. Onde drogas, sexo e morte são retratados com naturalidade e humor negro. 

A trilha sonora foi muito bem escolhida, cada música especial para a cena, o momento, o personagem e sua personalidade. Pulp Fiction foi indicado a nada mais nada menos que seis Oscars, tendo levado Melhor Roteiro Original. É um filme que com certeza não foi feito para o público tradicional do cinema. Embora seja um dos ícones Cults e um marco na carreira do Tarantino, rotulado como sua obra prima, Pulp Fiction é sua mostra do que Tarantino é capaz de fazer com o que conhece sobre cinema. E mostra que até mesmo os maiores bandidos de alma suja podem ter princípios e classe.

----------E X T R A S-----------
 
A Terminologia 'Pulp Fiction' traduzida pelo jornal Metro em 6/6/2014 
(o original pode se encontrado no Data Film)
Momento Pós-Crítica
- Elenco em Cannes: Repare em Uma Thurman 
e Quentin Tarantino (É assim que começa..!)

- Momento clássico de execução com Vincent e Jules

- Memórias da Sessão: Cartaz do "Clássicos Cinemark"
- Mia e Vincent arrasam na pista ao estilo 'Twist'.

- Trilha Sonora em duas versões
---FICHA TÉCNICA---
Título Original: Pulp Fiction
Sessão Acompanhada: Cinemark Botafogo - 12:30 - O 10 - 8/6/2014 (Domingo)
Data de Lançamento: 7 de Junho de 2014 (Brasil - Relançamento); 18 de Fevereiro de 1995 (Brasil)
Gênero: Drama
Duração: 154 Minutos
País: E.U.A.
Direção: Quentin Tarantino

---SESSÃO CRÍTICA  2 EM 1---
PULP FICTION: TEMPO DE VIOLÊNCIA
Avaliação do Júri:  
Mestre Ryu
Daniele Salim
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