domingo, 1 de janeiro de 2012

[Sessão Crítica Edição Especial] Um Tira da Pesada III

NESTA POSTAGEM
SESSÃO CRÍTICA EDIÇÃO ESPECIAL
UM TIRA DA PESADA III
FICHA TÉCNICA


EXTRAS PARA COLECIONADORES
VIDEOCLIPES
AXEL FOLEY NOS VIDEOGAMES


SESSÃO CRÍTICA EDIÇÃO ESPECIAL
UM TIRA DA PESADA III

A ORDEM DO GÊNERO ALTERA O RESULTADO
Axel Fawley se solidificou no primeiro filme uma imagem rara do herói negro, assim como Michael Jackson foi para a música. Um personagem carismático e popular para todas as cores e sem destinção de raça.

Esse mês de Setembro, tive o maior prazer em conhecer melhor este divertido personagem do cinema Americano. É difícil ter um herói de ação NEGRO estrelando um filme de sucesso, sem a necessidade de dividir a atenção com um protagonista branco. Nos filmes Americanos, antes de Máquina Mortífera, a imagem dos personagens negros eram associados a um gênero denominado como Blaxploitation (Exploração Negra). Filmes com negros para negros. Aonde se apresentava o seu poder social e cultural, com algumas apelações ao sexo e exibicionismo. Padrões iniciados pelos costumes da população branca. É bem interessante como essa imagem dos negros vistos em filmes Blaxploitation faz de sua imagem dos tempos de escravidão uma página virada. Isso era algo importante para os negros Americanos, serem vistos como heróis na tela assim como os brancos se viam em seus próprios filmes. Um dos exemplos de filmes Blaxploitation era o Jones, O Faixa Preta (Black Belt Jones). Estrelado pelo Campeão negro de Karatê, Jim Kelly. 

Um Tira da Pesada se tornou uma evolução disso tudo. Eddie Murphy protagonizou o seu Axel Foley, papel que chegou a ser cogitado para nomes como Al Pacino, Sylvestre Stallone e Mickey Rourke. Embora Stallone não tenha se tornado o Axel Foley, suas idéias para o personagem acabaram ficando para o filme Cobra. O que se pode dizer que Cobra é praticamente o Axel Foley do Stallone, antes um herói de ação feito para explodir Beverly Hills, com frases de efeito. Segundo o diretor, ele faria de Stallone um personagem mais reservado e não um Rambo. Seria algo como John Reese em O Exterminador do Futuro I? Já pensaram em fazer isso também com alguma versão atualizada para o He-Man nos cinemas.

O primeiro filme marcou como o pioneiro dos filmes de Ação/ Comédia. Batendo recordes do ano de 1984, como Os Caça Fantasmas e Indiana Jones e o Templo da Perdição. O filme incialmente foi descrito para ser um filme policial. Era sobre um tira de Detroit que ia a Beverly Hills, causando a maior confusão por lá. Murphy aproveitou essas características e trouxe um aspecto mais cômico ao personagem. Com os temperos de comédia na dobradinha, o roteiro acabou sendo todo improvisado. Na versão do enredo com Stallone,  o amigo assasinado seria irmão de Foley, o tira de Beverly Hills também teria um relacionamento com a loira,  Lisa Eilbacher (como a personagem Jenny. Amiga de Foley, na versão com Eddie Murphy). O estilo rejeitado da primeira versão foram aproveitadas para o filme Stallone Cobra.
O segundo filme foi dirigido por (quem diria) Tony Scott. O diretor de Top Gun: Ases Indomáveis, filme que lançou Tom Cruise ao estrelato. A famosa fotografia de Top Gun, que muitas vezes favorecia o nascer e o pôr do sol, também se tornou presente e estampava, ao fundo, a capa do filme Um Tira da Pesada II. O primeiro filme trazia um interesse equilibrado, no roteiro e nos personagens. Neste segundo ato, o maior destaque fica para Eddie Murphy. Também vale citar a rápida aparição de Chris Rock, para efeitos de curiosidade. 

Em 1994, há exatos 10 anos após o lançamento do primeiro, chega o terceiro filme. O primeiro foi genial, o segundo nos trouxe mais diversão com Eddie Murphy e o terceiro, bem, sem o impacto dos anteriores, entrou para a lista negra de muitos críticos e dividiu o público. Esse filme também me dividiu. Nesta mesma época de lançamento, a primeira vez que ouvi falar em Um Tira da Pesada foi através do VHS deste terceiro filme que meu pai trazia alugado para asisistirmos e gravarmos em casa. Isso quando o sorriso de Murphy estapado na capa me levava a crer que era um filme de comédia e não de ação - é interessante a diferença deste em relação a capa primeiro, com um Eddie bem sério em cima de um carro. Meu pai, enquanto viamos uns trechos finais do terceiro, logo destacou a atuação de Judge Reinhlod, como o detetive Rosewood. E com razão. 

A história gira em torno do detetive Foley investigando criminosos que acabam matando o seu chefe, o inspetor Todd (Gilbert R. Hill). As pistas o levam de volta a Beverly Hills. Agora a ação se passa em um parque chamado Wonder World, do sul da Califórnia, uma espécie de referência a Disney World. Aonde a quadrilha se refugia para falsificar dinheiro. O diretor John Landis, por ser um conhecedor de muitos de seu ramo, incluiu participações de diversos amigos seus, um deles é ninguém mais e ninguém menos do que o icônico George Lucas (Guerra nas Estrelas/ Star Wars), surgindo ali numa ponta com Eddie Murphy em uma das cenas mais divertidas do filme.

Apesar de começar em bom rítimo, as falhas logo são apresentadas. É interessante lembrar (isso rapidamente mencionado no primeiro) que Foley, antes de ser um policial, era um trombadinha. Depois de recuperado, se tornou um policial. Justificando a sua esperteza para chegar a prova de um crime. Isso mostra que Foley é um personagem brilhante e que finalmente usufruiu de seus dons para o bem (no primeiro filme, ainda mostrou que era capaz até de enganar o seu chefe). 

Neste terceiro episódio, os roteiristas deixaram passar esse sentido tão esperto e cauteloso em seus primeiros momentos na história e entenderam Foley como mais um personagem atrapalhado quando a graça de seu personagem era o sentido da malandragem. Pouco justificando a sua culpa em um acidente fatal que ocorre contra um dos seus melhores amigos na história (e marcante para os fãs da série). Faltou jogo de cintura a Steven E. Souza (Duro de Matar; Street Fighter: A Última Batalha) lançar uma bomba de inteligência nos momentos de emoção. Um melhor trabalho nestes prováveis momentos dignas de uma comédia dramática poderia gerar um conteúdo excelente. Exemplo de crime que o próprio filme acaba cometendo nessas situações que se necessita de mais seriedade ao invés de usar um humor negro que não funciona. A preocupação com o humor acabou deixando esta continuação mais importante como uma comédia pastelão, em diversos momentos, tornando-o um gênero Comédia/ Ação, bem diferente de Ação/ Comédia como no primeiro filme.  
O terceiro episódio, é quase uma autoparódia refilmada do primeiro. Por outro lado, é notável que os personagens principais trouxeram uma evolução natural, Foley e Rosewood. É incrível como Eddie Murphy conseguiu nos trazer diferentes facetas de seu mesmo personagem. Fugindo de uma atuação rotulada. Além de imitações e frases engraçadas, também mostra ser bom em caretas. Enquanto Judge Reinhold como o exibido Billy Rosewood (antes era apenas detetive e agora um detetive sargento cheio de liderança) tem o seu melhor momento na série.  O destaque vai também para o louvável esforço de Timothy Carhart como o vilão Ellis DeWald - surge, incialmente, com cara de ator de filme de comédia, mas depois vira o demônio.

A trilha sonora de Um Tira da Pesada começou investindo com música pop eletrônica no primeiro filme. Já o segundo mistura Rock, Blues e Pop. Neste terceiro, há um cruzamento de décadas no som. Dos noventistas há o Soul do grupo Shai (The Place Where You Belong); Regge com Summer Jamming (grupo Inner Cicle); Hip Hop do Eazy-E (Luv 4 Dem Gangsta'z); Patti La Belle retornando a trilha com o The Right Kinda Lover (música R&B, diferente de seus temas de  Rock Eletrônico apresentado no primeiro filme) e sons mais anos 80 como a música Keep The Peace da banda INXS. Há uma releitura mais estilo discoteca da música tema e um tema de ação instrumentalizada bem interessante para as cenas de perigo, parecendo um tema mais próximo de um desenho animado.

Instrumentos sofisticados na série foram abandonadas pelo diretor Tony Scott no segundo filme (como a cena deletada da sala de segurança). Já no terceiro, Serge (Bronson Pinchot), antes um vendedor de artigos de luxo de sotaque Francês, agora é  uma espécie de Q aquele mesmo da série 007 para Axel Fawley. Vale destacar a cena de luta, envolvendo Fawley, Janice (Theresa Randle), Rosewood e os criminosos, num galpão interno do parque Wonder World. 

Mesmo com suas falhas, o rítimo frenético das cenas de ação, além de momentos engraçados, impressionam. Vale destacar a hilária sequência inicial, de Fawley correndo em um carro desmontado contra os criminosos.  E a arriscada cena em que o detetive pula sobre as peças de uma roda gigante, paralizada em meio as alturas, para salvar crianças. Murphy estava de verdade naquela altura e, digno de Tom Cruise hoje em algum Missão: Impossível, dispensou dublês nessa cena. Os confrontos finais e o encerramento estão entre um dos melhores da série ou senão o melhor entre os melhores. A grande carga de humor não deixa de também fazer referências sérias e escrachadas a Duro de Matar. John McClaine e James Bond que se cuide, que venha mais Um Tira da Pesada pois este esperto detetive tem fôlego.

FICHA TÉCNICA 
Direção: John Landis
Roteiro: Danilo Bach (personagens), Daniel Petrie Jr. (personagens), Steven E. de Souza (roteiro)
Gênero: Ação/Comédia/Policial
País: Estados Unidos
Duração: 104 minutos
Ano: 1994

EXTRAS PARA COLECIONADORES
VIDEOCLIPES
Stir It Up (Patti Labelle) Trilha Sonora de Um Tira da Pesada


Keep the Peace (INXS) Trilha Sonora de Um Tira da Pesada III


AXEL FOLEY NOS VIDEOGAMES
Beverly Hills Cop (Amiga PC, Tynesoft, 1990)


Beverly Hills Cop (Playstation 2, Blast Entertainment, 2006)
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