terça-feira, 23 de junho de 2009

Em questão: Rio Game Show

Grandes intenções contornada por muitos erros.
(Rio Game Show - 1ª Edição, 21/ 05/ 09, Brasil, Eventos, Livre)

Divulgação: http:\\www.culturanime.com


Este fim de semana, domingo (21/05), aconteceu o Rio Game Show, após muita propaganda e fortes promessas, em Niterói, município do Rio de Janeiro.

Eventos cariocas de games quase sempre foram como estrelas cadentes. Ultimamente elas têm sido de certa forma vinculada, direta ou indiretamente, aos eventos e comunidades de Animê. O que leva a crer que a tendência do movimento seja fraco por um motivo simples: o evento é divulgado aonde frequentam-se muitos fãs de Animê que curtem games, mas nem sempre mais do que Animês. Ainda assim, as comunidades de Animê tornaram-se a maior referência para atrair um público considerável a esses eventos, já que contamos também com os Cosplayers, pessoas que estudam a fio os personagens, desde a roupa à sua dinâmica, sendo que relacionados ao tema de forma específica.

Há ainda os pequenos campeonatos dentro desses eventos de Animê que passaram a atrair os verdadeiros jogadores ou conceituados sobre o assunto; aí você pergunta: - de videogame ou de fliperama? é quase como discutir um estilo de música, dá sempre uma confusão. Pra se ter uma idéia de que existem muitas categorias além dessas distinções entre Otakus ou fãs de Animê, são as comunidades voltada aos jogos de competição que também vem crescendo no Brasil, através da Internet, e tem um período maior nos fliperamas. É aí que há um choque de culturas ou costumes dentro de um mesmo evento. Enquanto os Otakus acham super normal ver alguém fantasiado como o seu personagem favorito, um jogador de fliperama poderia achar aquilo uma aberração ou super esquisito, já que nunca frequentou um evento desse tipo antes ou não é muito íntimo com cultura japonesa, é o tipo que só quer saber de filmes de porrada; mas se o filme é de terror psicológico, aí é coisa de.. Otaku. Mas Otaku é um termo que determinados militantes também poderiam condenar, o que já é uma outra história. Isso é só pra entender como o mecanismo do choque de culturas funciona. E no Rio Game Show as coisas não são muito diferentes. Como esses jogadores poderiam encarar a visão do Cosplay em um evento de games como o Rio Game Show? Veriam a pessoa por trás daquela roupa ou a roupa por trás daquela pessoa? A resposta seria a mesma da rapaziada baderneira, meio Otaku - meio metaleira, dos eventos.

Em eventos de Animê, a discussão de erros, que vão do trágico ao trash, já é padrão, o que não é novidade pra muitos. Estes eventos ainda são vistos como algo definitivamente amador pelos olhares mais críticos, mesmo por aqueles que não se enquadram na categoria dos participantes frequentes, acabam se envolvendo automáticamente nos acontecimentos. Mas tais referências levam a reconhecimentos positivos como o caso do Video Games Live, evento internacional que pousou por aqui mais de uma vez, graças à contribuição do Ministério da Cultura e da Petrobras. É importante que os eventos batalhem pela boa imagem, fugir do amadorismo o qual acaba sendo reconhecido até por quem não é da mídia leiga, as mesmas que levam a acreditar através de uma matéria jornalística mal explorada de que um fã de Animê tem a mentalidade de fugir de casa ou que um jogador de videogame tem problemas psicológicos.

Com uma boa divulgação, excelente trabalho dos organizadores, o evento Rio Game Show até que bombou. Tendo um movimento melhor do que outros eventos anteriores com propostas parecidas, como o Top Game Show 2006 ( Barra da Tijuca) e o Checkpoint 2008 (Grajaú).

Mas o problema estava no espaço. Prometeu-se um evento com estrutura para 3.000 pessoas, apartir daí é história. Notando esse pequeno detalhe, a primeira vista que se vê é algo de grande porte, mas nem precisou de um curto giro em rotação 360º como se estivesse em um grande salão de festas, já dava pra ter a (decepcionante) sensação em segundos, logo na entrada. E o que é mais pior é que o site engrandeceu muito pelas imagens, e percebendo ao vivo, não era nada daquilo. É impressionante!

Um salão que parecia comportar bem não 3.000 mas no máximo uns 300, contando o público que teve de se refugiar nas escadarias frente ao pequeno espaço para assistir às palestras ou então o público que esteve frente ao pouco espaço dado aos Cosplayers se apresentarem ou então a tumultuada fila para se jogar Free Play no Street Fighter IV, tendo que encarar obcecados e furadores de fila, que mal davam chance aos pobres. Se bem que também não havia nem mesmo uma organização ou responsabilidade do Staff que estava ali próximo, resultando numa péssima experiência em ter que aturar as marras ou birras dos apertados que estavam no local. E a falta de estrutura só contribuiu em afetar completamente a atuação dos Staffs ali presentes como, por exemplo, para auxiliar na chamada dos participantes que estavam perdidos na multidão, a barulheira naquele pequeno espaço, fazendo os mesmos contribuintes ficarem impacientes, tiveram que contar com o o próprio público, jogadores ou frequentadores conhecidos dos butecos (ou não) de fliperamas, no local, para ajudar na situação. É como pegar uma kombi e você ter que se obrigar a fechar a porta ou sair do veículo para dar espaço a outra pessoa, é um desconforto total. A união do povo faz a força nessas horas. Quando não há a força dos empreendores, a improvisação fica por conta do espectadores da atração, que rouba a cena e salva o espetáculo.

Marcelo Tavares é o principal organizador, que também fez uma pequena exposição com cara de que deveria ser pelo menos grande, A História dos Videogames. Parace até que previ quando veio inconsientemente à cabeça o seguinte diálogo: espero que o Marcelo não me decepcione. Isso porque o evento que ocorreu no Centro do Rio de Janeiro em 2008, contava com uma pequena coleção que ocupava uma minúscula mesa. A História dos Videogames é mais um outro título grandioso, dando a entender de um grande evento, mas viveu do mesmo mal do Rio Game Show, com alguns problemas semelhantes, como o de não poder jogar ou tocar em certos aparelhos. Apesar de tudo, não há muito do que reclamar do evento A História dos Videogames, pois quem costuma pegar condução, bastava apenas as despesas com ela, já que o museu prestava o serviço de graça no Museu Belas Artes em alguns dias da semana. E a diferença entre a A História dos Videogames e o Rio Game Show, é o preço que se paga, sem muitas opções agradáveis jus a estrutura que se propôs, já que o resultado visto na realidade é um choque, só por isso, a conclusão que se chega é de que o ingresso deveria deveria valer a metade, quem é inteirado na comunidade dos Animês sabe que se tem certas organizações que promovem eventos por um preço bem menor prestando atrações e estrutura muito mais satisfatória; mas há quem teria na cabeça a idéia de pagar o dobro por um tipo de evento com pouca estrutura. Pagar R$ 5 por uma sacola de 10 balas na rua não vai fazer diferença, enquanto se deveria estar pagando R$ 1,00 no Ônibus. Há também quem tenha a opção de gastar toda a sua economia anual num fliperama sem pensar 2 vezes; é o mesmo caso de jovens que pagariam pelo mesmo evento, mesmo que decepcionados, esperando ver coisa melhor na próxima. É aí que entra o risco de sempre tomar na cabeça, pela falta de iniciativa. É o perfil destes muitos frequentadores conformistas: paga-se para consumir mais dentro de um evento. Esse tipo de pensamento sempre impera: - Dinheiro é pra se gastar. Mas é lá na frente que aqueles R$ 5,00 ou R$ 25,00 gastos sem muita necessidade é que vão fazer falta.

Os preços pouco atrativos não se limitaram ao ingresso, se estendem lá pra dentro do fantástico Rio Game Show: uma camisa de games com figuras impressas por R$ 25,00? É muito desespero. Se a organização é composta por jovens pouco exigentes dedicada a jovens menos exigentes ainda, então é motivo suficiente para mostrar que todos tem muito o que aprender ou pensar no que se faz.

Os problemas já começaram na entrada: atraso de quase 1 hora contado no relógio para abrir as portas. Enquanto certas informações aleatóreas, vindas até do próprio organizador, que iam além do Flyer, informavam que o evento começaria às 14 hs e não às 13 hs. A falta de informação também afetou a inscrição dos torneios, os confirmados online não tiveram previlégios, tendo que reformular o seu cadastro lá dentro, mas até aí, nenhuma informação foi comunicada, nem mesmo se era para se inscrever online, mas mesmo assim ainda se recebeu uma confirmação via E-mail. O torneio de SF IV não foi 100% previlegiado como o público pagante esperava, na verdade a presença do game em si não foi. A iluminação atrapalhava a tela e o volume estava num tom extremamente baixo. Tudo estava muito próximo e fazia barulho no ambiente, menos as porradas do SF IV. Mais a frente podia-se encontrar Rock Band e The King Of Fighters 2002 soterrados de gente em algum lugar minúsculo; é como olhar pelos lados e sair dizendo: Torneio de KOF? Aonde? Teve mesmo?.

O Rio Game Show não foi 10. Mas para os empresários que faturaram R$ 20,00/25,00 dentre mais de mil pessoas, fazendo umas contas aí, dá pra tirar umas férias, não há do quê reclamarem. É certo que muitos que foram não moravam próximos a Niterói, um grande problema também é a duração do evento (com término às 22Hs) sem a preocupação com quem mora longe e pretendeu ficar até o final.

Os pontos positivos foram a possibilidade de rever alguns jogos clássicos em LCD e as quase extintas máquinas de fliperama, embora sem grandes surpresas quanto aos títulos. Quanto aos Cosplays, June (Grupo Tenchuu) e Taís Yuki (Sailor Senshi no Yume) surpreenderam atuando como Sakura (Street Fighter Zero 2) e Lara Croft (Tomb Raider) respectivamente pelo evento, e as revistinhas informais que foram oferecidas, como proposto, foram iniciativas bem positivas.

Um grande evento precisa ser 100% desde o começo, isso deveria ser regra estampada na cabeça de toda pessoa que quer bancar algo desse porte, antes isso do que sair mal acabado.
Uma atração tem de ser feita como se fosse a última, ao invés de construir um meia boca esperando estimativa reação para o próximo. Isso é resultado, não é brincadeira. É o dinheiro do participante que está em jogo. O participante esperto nunca volta ao evento sabendo que ele não foi bem na primeira rodada. Se o organizador não apresenta o que se promete da melhor forma aos contribuintes, ele não passa a imagem de ser confiável. Logo, porque continuar pagando por ele? Eis a questão.



Título Original: Rio Game Show
Gênero: Eventos
Data: 21/05/ 2009
Classificação: livre
Duração: 600 min (aproximadamente)
Direção: Marcelo Tavares
Local: Clube Canto do Rio - Niterói - Rio de Janeiro
Site: http://www.riogameshow.com/

Júri
Mestre Ryu: **
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Legenda =>
Chuta que é macumba: *
Poderia ser melhor: **
Pegue sua pipoca: ***
Calçada da fama: ****
Rumo ao Oscar: *****
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